sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Autobiografia na Música - Terra no Asfalto - Capítulo 9 - Por Luiz Domingues

Foi pelo fato do Mu ter um temperamento altivo, que esperávamos possíveis atritos dele, com o Gereba. É muito raro um guitarrista entender-se bem com outro, em uma banda com duas guitarras, na formação. É preciso dividir muito bem os espaços na hora de elaborar arranjos, pois um choque de egos é inevitável.

E geralmente bandas com dois guitarristas só vão bem, se ambos são amigos, e sabem controlar seus respectivos instintos. O Paulo Eugênio conhecia bem a personalidade dos dois. Convivera com o Fernando Mu em uma banda cover, no ano de 1978, e conhecia o Gereba, desde a adolescência.
Com o Gereba não haveria problemas, pois ele era bonachão, sempre a brincar, mas o Mu tinha aquela pose de estrela. Porém, para a surpresa geral, eles entenderam-se muito bem. A sorte foi que o Gereba o cativou pela sua humildade. Como mostrou-se disposto a colocar-se como o segundo guitarrista, o Mu apreciou essa postura.

E além do mais, o Mu ficou muito fascinado pela técnica instintiva do Gereba, principalmente no estilo brasileiro. Como o Mu não tinha muito esse traquejo com a MPB, quis absorver essa influência, e o Gereba aprendeu muita coisa sobre o Rock internacional, que era a especialidade do Mu, além da teoria, a estabelecer-se assim, um intercâmbio sadio entre os dois. E de fato, logo o Mu receberia uma proposta profissional irrecusável, e precisava ter essa bagagem brasileira mais na ponta da língua. Falarei sobre isso na cronologia dos fatos.
Continua...

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