quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 322 - Por Luiz Domingues

Estava tudo certo para a continuidade da turnê, após os dois shows em São Paulo e a apresentação ao vivo no estúdio Rocks Off, para o programa: "Live on the Rocks", da Webradio Stay Rock Brazil, e com tudo isso tendo ocorrido em maio de 2018. 

No entanto, um fato novo e deveras surpreendente, sabotou a nossa apresentação em Belo Horizonte. Eis que ainda em maio desse ano, estourou uma greve geral dos caminhoneiros no Brasil e a sociedade finalmente percebeu o quão errônea a política de infraestrutura, toda focada no transporte rodoviário, fomentada por décadas a fio, revelou-se ao ponto de constatar o abastecimento estrangulado e a população, experimentar chegar assim, ao limiar do desespero, sem combustível nos postos e consequentemente verificar que para chegar-se à barbárie social, bastava cortar o combustível fóssil. 

Entretanto e a Patrulha do Espaço com isso? Bem, o show em Belo Horizonte foi sumariamente cancelado, infelizmente, dadas as circunstâncias dramáticas em que aviação também fora afetada com cancelamentos de voos.

Sanada a questão da greve e a normalização da sociedade garantida, eis que por volta de julho, eu recebi a comunicação que uma nova data fora agendada para setembro. 

Cartaz recebido e pronto para a divulgação, data reservada para não coincidir com apontamentos d'Os Kurandeiros, eu já avisara os meus muitos amigos em Minas Gerais, Belo Horizonte e cidades da Grande BH, principalmente e houve uma animação por essa apresentação e a oportunidade para rever amigos mineiros etc. e tal, porém... quando a data aproximou-se e estávamos no limite para estabelecermos a comunicação sobre a logística, com confirmação de passagem aérea e reserva de hotel, infelizmente veio a confirmação de um novo cancelamento. 

Não houve um acerto financeiro adequado e assim, cancelou-se o show. Fiquei chateado, aliás, todos nós, incluso os amigos e fãs mineiros pelo que constatei através das redes sociais, mas foi inevitável. Uma pena, deixei o pão de queijo & café já anteriormente combinado para uma outra ocasião com os amigos de Minas. 

Nesses termos, ficou a perspectiva apenas do último show em São Paulo e consequentemente, o último da carreira da banda. 

O Rolando Castello Junior queria realizá-lo no Ginásio do Ibirapuera, o que seria belo, pois foi ali que ocorrera o primeiro, em setembro de 1977, mas quarenta e um anos depois, o panorama artístico brasileiro foi outro, completamente adverso ao Rock e nesses termos, ele nem perdeu tempo em cogitar um contato, que certamente seria infrutífero. Então, conformamo-nos com a data já acertada para a unidade do Sesc Belenzinho, a ser cumprida em novembro de 2018.

Tudo, bem, tratava-se de uma das melhores, bem estruturadas e mais abertas unidades dessa instituição para a cena do Rock, em São Paulo e dessa forma, tocar ali para encerrar a carreira da banda, haveria de ser prazeroso, satisfatório e honroso. 

Mas ao longo de setembro, eis que eu recebo uma comunicação a cogitar um possível show extra que estava a ser confirmado e assim, dei o meu aval para participar, reservei a data com Os Kurandeiros e eis que logo surgiu a notícia de que haveria uma apresentação em um festival a ser cumprido no interior de Santa Catarina.

Muito bem, ficara marcada para o dia 13 de outubro de 2018, a nossa participação no Festival "Hunterstock 2018", na cidade de Caçador-SC. 

No dia 9 de outubro, encontramo-nos no estúdio Orra Meu, de propriedade dos irmãos Schevano, em São Paulo e fizemos um produtivo ensaio. Foi um apronto tranquilo, visto que apesar do hiato, ninguém havia esquecido o set list básico do show e assim, com o mesmo quarteto básico que tocara em Ponta Grossa-PR em abril, e nos três shows ocorridos na cidade de São Paulo, em maio, colocamo-nos em condições para tocarmos em Santa Catarina.

Luiz Domingues e o amigo, Marcos Kishi, um fotógrafo da pesada e que revelava-se uma testemunha ocular da história da música em São Paulo, desde a década de setenta, a cobrir inúmeros shows. Estúdio Orra Meu em São Paulo, 9 de outubro de 2018. Acervo e cortesia: Marcos Kishi. Click: Marta Benévolo

Nesse dia, o fotógrafo/amigo, Marcos Kishi, compareceu ao estúdio para promover uma sessão de fotos, quero crer a derradeira da carreira da banda. Com o quarteto e o quinteto básico, retratados, tais fotos ilustrariam as matérias para suprir a mídia nos estertores da turnê e certamente haveriam de ser aproveitadas para ilustrar o encarte de um possível álbum ao vivo e muito provavelmente, uma ou mais coletâneas a serem lançadas no futuro, a retratar esse epitáfio da nossa banda. Aguardemos pois, que a banda deve apresentar tais novidades póstumas. 

Mas nesses dias, uma outra novidade estourou pelas redes sociais e não tratou-se de uma comunicação interna da banda, mas como um vazamento de informação: estivemos escalados para participarmos do festival Psicodália, em Santa Catarina, a ser realizado no Carnaval de 2019, portanto, aí sim, deveria ser o último voo da nave.

Acima, na primeira ilustração, o cartaz antecipado que a organização do festival Psicodália, publicou pelas redes sociais da Internet, a divulgar a participação da Patrulha do Espaço para a edição de 2019. Abaixo, a visita que eu fiz à sala "A" do estúdio Orra Meu em São Paulo, para assistir um pouco da gravação da banda: Power Blues. Eu (Luiz Domingues) e o guitarrista, Daniel Gerber na foto. Click, acervo e cortesia: Marcos Kishi  

Muito bem, que assim fosse, então. Nesse dia do ensaio, no estúdio Orra Meu, eu tive o prazer de assistir um pouco a gravação de órgão Hammond do disco do grupo Power Blues e com o próprio Marcello Schevano a pilotar os teclados, enquanto o guitarrista dessa banda, o amigo, Daniel Gerber, também faria intervenções com overdubs de guitarra a aproveitar o uso de uma caixa Leslie, genuína. 

Pelo pouco que eu ouvi, um tremendo som estava a ser construído ali, o que não caracterizou nenhuma surpresa, visto que conheço o som da banda e todos os envolvidos nessa operação, muito bem, e dessa maneira, é claro que eu fiquei feliz por observar tal produção a ser feita ali in loco.

Em uma outra sala de ensaio do complexo, eis que encontro o saxofonista superb, André Knobl e o seu colega, o trompetista, Paulo Pizzulin. Toquei com Knobl bem no começo da minha entrada n'Os Kurandeiros de Kim Kehl, em agosto de 2011 e ele participou bastante, até o início de 2012. 

Em 2014, ambos cumpriram participação especial no álbum "Fuzuê" do "Pedra", com extremo brilhantismo. Ganhei um álbum da banda de ambos, o "Neurozen" e certamente que ouvi com prazer a perpetrar uma resenha do disco, em meu Blog 1, algum tempo depois.

Bem, tarde agradável entre amigos no acolhedor estúdio Orra Meu, dois dias depois, eu (Luiz Domingues) e Rodrigo Hid encontramo-nos no saguão do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, com Rolando Castello Junior e Marta Benévolo, para a primeira parte da nossa nova viagem, rumo a Curitiba. 

Continua...

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