sábado, 10 de novembro de 2018

Abandono - Por Telma Jábali Barretto


Quais situações podem produzir essa delicada sensação de desamparo !? ... Para cada um nós, imaginamos, seria algo, alguém...circunstância diferente.
A depender de onde ‘moram’, também, nossas seguranças, daí virão diversos formatos de reações, da mesma maneira que em vários momentos, em muitas, múltiplas e incomuns situações.
Temos as clássicas, iguais para todos, como, quando, logo após parto perdemos nosso primeiro berço, primeira base de acalanto, de sentimento seguro, se dessa forma foi nossa gestação... Dessa forma, seguiremos ao logo da vida no fluxo natural da existência... E quantas similares situações, assim, marcarão nosso crescimento ? Quantos e tantos outros cordões umbilicais nos cortarão ou...cortaremos.
Das circunstâncias mais simples, básicas e naturais às mais subjetivas nos rondarão repetidas vezes, e, seguiremos, perdendo rodinhas e muletas...Aquilo sobre o que nos amparávamos, tirado ou deletado, para que cresçamos, criando novos patamares de autossuficiência, maturidade e autonomia, aquela mesma várias vezes, outrora, descrita como liberdade, mas...contraditoriamente, como parte de quem costumamos ser, regra do jogo, lamentamos quando perdemos, numa ambígua transição entre a conquista e apreensão...
Por aí seguimos, entre ganhos e perdas, num continuado trajeto de troféus e renúncias, onde nem sempre abdicamos conscientes, muitas vezes surpreendidos com aquilo trazido a nós, forçando-nos a abrir mão... ou, ainda, naqueles casos em que, soltamos algo sem muito saber quanto estamos deixando para aonde chegar, sem muita ou nenhuma segurança quanto ao que tenhamos feito... De quantos encantamentos e decepções, conosco e com o outro, assinamos nossa passagem.
Fato é que esse mecanismo nos move, quer aceitemos, acreditemos ou, até, percebamos... E o processo segue seu curso!!!
Quanto mais atentos, abertos desse transcorrer, mais tiramos de cada vitoriosa chegada e mais honrosamente soltaremos, deixando ir, liberando espaço para permitir que um novo e desafiador convite, aproximando-se, destrave, empurre e, até, inspire, além amarras ou seguranças, confortos, muitas vezes, depois, descobertos desconfortos, só quando somos instados à outra margem, lado oposto da história a que acessamos nesse diferente e inusitado estar.
Que saibamos perceber para mais, sabiamente, absorver, investir, contatando, com ciência, esse fluir de eternos fechos, reconhecendo os colos que precisamos perder, achando o passo para aprender a correr, enquanto não voe, na infinita conquista da posse de quem, verdadeiramente, SOMOS !!!

Telma Jábali Barretto é colunista fixa do Blog Luiz Domingues 2. Engenheira civil, é também uma experiente astróloga; consultora para a harmonização de ambientes e instrutora de Suddha Raja Yoga. Nesta reflexão, analisa a questão do abandono, por um viés bastante do que geralmente as pessoas pensam sobre o tema

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