terça-feira, 6 de novembro de 2018

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos (Hid Trio) - Capítulo 94 - Por Luiz Domingues

Eis que o meu velho amigo, Rodrigo Hid, abordou-me no início de setembro de 2018, via "inbox" da rede social, Facebook e formulou-me um novo convite para eu participar de uma apresentação do seu "Hid Trio". 

Eu já havia participado de duas apresentações desse seu combo super informal, um vez em janeiro e outra em abril desse mesmo ano, portanto, se não houvesse um impedimento por conta de alguma atividade da minha banda, Os Kurandeiros, seria um prazer participar, novamente. E de fato, eu não teria mesmo atividade com Os Kurandeiros, por conta dessa data ter sido reservada para que eu e o próprio, Rodrigo Hid, fôssemos à Belo Horizonte, para tocarmos com a Patrulha do Espaço, mas a lástima foi que o show em Minas Gerais foi cancelado e assim, além de perder essa apresentação, eu não pude contar com algum show para Os Kurandeiros, e tampouco o Rodrigo com os seus compromissos pela noite paulistana. Então, ele arquitetou esse encaixe e eu fiquei feliz por poder participar. Em princípio, a vaga para baterista seria ocupada por José Luiz Dinola, mas de última hora, o meu velho amigo e companheiro de duas jornadas (A Chave do Sol e Sidharta), não pode confirmar a sua participação e assim, o Rodrigo convidou, Renato Amorim, um músico eclético, multi instrumentista e Luthier/técnico em equipamentos musicais em geral.

No primeiro plano, Renato Amorim e atrás, Rodrigo Hid, ambos a preparar o palco do Quina Bar, do Ipiranga, onde tocamos. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click: Luiz Domingues
 
Renato Amorim e seu irmão, Elton Amorim, são músicos super técnicos e ambos completamente apaixonados por Rock e música em geral, com característica vintage. Mantém há muitos anos uma excelente banda versada pelo Hard-Rock, com forte influência setentista, chamada: Cosmo Drah, além de outros trabalhos (Elton toca no Marcenaria, outra banda muito boa) com diversos combos pela noite paulistana e participações em trabalhos de muitos artistas, ambos como side-man, super solicitados. Como luthier e técnicos, mantém uma oficina onde atendem inúmeros músicos de São Paulo e ambos mantinham a fama de serem obstinados e enquanto não encontram uma solução para consertar um amplificador ou uma guitarra, não desistiam e como um amigo nosso em comum, o empresário da noite (proprietário da casa noturna Rocker, Santa Sede Rock Bar, de São Paulo), Cleber Lessa, costumava dizer sobre os irmãos Amorim: -"eles são tinhosos... consertam qualquer coisa"...
O meu baixo pronto para a luta no palco do Quina Bar e pelos quadros na parede, a minha inspiração ali seria pautada pelo alto nível oriundo de um certo zepelim de chumbo... Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click: Luiz Domingues
 
Sobre o local do show, foi uma coincidência, pois cerca de quarenta dias antes, eu havia participado com uma Jam nos mesmo moldes e até a conter um repertório semelhante, com o genial, Diogo Oliveira e o excelente, Pedro Silva, no mesmo local, o Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo. Portanto, lá estive eu, novamente e já a projetar um público semelhante ou até um pouco maior, pois o inverno estava a esmorecer e a noite não haveria por ser tão fria.

A pele do bumbo da bateria de Renato Amorim, apresentou uma pintura psicodélica muito bonita, entretanto, novato que eu era com fotografias obtidas via telefone celular, não soube capturar isso de uma melhor maneira. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click: Luiz Domingues

Cheguei primeiro ao local e só havia a presença de funcionários a realizar tarefas preparatórias básicas. Logo chegou o Renato Amorim e pudemos conversar sobre o Cosmo Drah, Marcenaria e outros projetos musicais em que e ele e seu irmão, Elton Amorim estava a realizar e também sobre as atividades de sua oficina de Luthieria. 

Foi quando eu notei a pela da frente do seu bumbo, a ostentar uma pintura psicodélica, belíssima, inspirada fortemente no shamanismo e que fez a minha imaginação voar até aos livros de Carlos Castañeda, Foi quando o Renato Amorim, informou-me que tal arte fora executada por um amigo nosso em comum, Marcio Brandini. Conheço o Brandini desde 2001, sei que é um mecânico de automóveis, além de restaurador de carros antigos e especialista em preparação para carros de competição. Sabia que era um grande baterista, também, mas fiquei surpreso, positivamente por ter tomado conhecimento, ali, de mais um talento de sua parte, pois definitivamente tal pintura ficara muito bonita.

Eis que vejo adentrar o recinto, o meu velho amigo e ex-aluno, Carlos "Cali" Keller Rodrigues e sua esposa. Cali é amigo do Rodrigo Hid, pela mesma raiz, ou seja, a minha velha sala de aulas no bairro da Aclimação, nos anos noventa, onde tivemos uma convivência que sedimentou a nossa amizade. Bem, conheço toda a família dele, desde aquela época e o tempo voou mesmo, pois eis que em um dado instante dessa conversação travada nessa noite, ouço histórias a respeito de seu filho, que já completara dezoito anos de idade, sendo que o próprio Cali, eu conhecera quando seguramente teve menos idade, ou seja, envelhecemos, mesmo... fico feliz por saber que está a tocar com a sua banda e planeja gravar um disco no estúdio Orra Meu, dos irmãos Schevano, mais dois personagens notáveis que também conhecera na minha sala de aulas, nos anos noventa. 

Que privilégio o meu em ter reunido tanta gente boa em torno das minhas aulas e tantos anos depois, verificar que sedimentaram amizade e estão todos a produzir coisas boas. Mencionou-se também outros alunos que formam tal confraria até os dias atuais, mas ali não presentes naquele instante, como Edil Póstol & Marilu Postól, Zé Reis, Leco Peres, Pepe Bueno e Marcão Martinez. Em suma, que prazer levantar tal reminiscência.

Rodrigo Hid a testar o seu microfone. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click: Luiz Domingues
 
E o que tocamos? O cardápio natural para três músicos com as mesmas influências: Rock, Blues, baladas, Pop, R'n'B das décadas de cinquenta a setenta do século XX, isto é, só coisa boa. Improvisamos bastante, com o Rodrigo a propor músicas bem ritmadas em sua maioria e lá fomos nós a revisitar o material dos Rolling Stones a Ray Charles, a passar por Jimi Hendrix e Raul Seixas. Foram duas entradas recheadas por canções muito boas, com margem para improvisos, muito swing e atesto que saí suado do pequeno palco.
Rodrigo Hid em momento de soundcheck. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click: Luiz Domingues
 
Como ponto negativo em meio a uma boa apresentação musical e a conversa super prazerosa entre amigos, devo atestar que o público presente esteve um tanto quanto alterado e inconveniente. Apesar de ser formado inteiramente por pessoas maduras e com nível social elevado, o alto teor etílico ali, foi patente, pois muitas pessoas gritavam a pedir músicas, mas de uma maneira deveras agressiva e até manifestação de desdém para conosco, tivemos o desprazer em ouvir, da parte de um rapaz que estava bem alterado. As vezes, esqueço-me que apresentações em bares revelam-se propícias para tais aborrecimentos... se é que o leitor permite a minha reflexão irônica... 
Renato Amorim e Rodrigo Hid a preparar o palco do Quina Bar. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click: Luiz Domingues
 
Bem, a relevar-se os etílicos inconvenientes, foi uma noite prazerosa, a constituir-se na terceira oportunidade em que participei do Hid Trio em 2018 e desta feita, além do Rodrigo Hid, a tocar com o excelente baterista, Renato Amorim. Aproveito para deixar a indicação de duas resenhas que escrevi para o meu Blog 1, quando abordei um álbum do Cosmo Drah e outro do Marcenaria, trabalhos desenvolvidos pelos irmãos Amorim, e dos quais, recomendo, com bastante entusiasmo. 

Sobre o primeiro álbum do Cosmo Drah:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2015/09/cosmo-drah-por-luiz-domingues.html

Sobre o primeiro álbum do Marcenaria:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2017/07/marcenaria-1-album-por-luiz-domingues.html
Então foi isso, em 15 de setembro de 2018, um sábado com frio moderado na capital paulista, fui ao bairro do Ipiranga, na zona sudeste de São Paulo e mais uma vez no palco do Quina Bar, mas desta feita a tocar com Rodrigo Hid e Renato Amorim, no Hid Trio. 

Este foi o meu último trabalho avulso, até agora, mas este capítulo nunca fecha e mesmo sem premeditar nada, é quase certeza que outros capítulos serão escritos.

Portanto... continua...

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