segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 317 - Por Luiz Domingues

Eis que o show realizado na cidade de Ponta Grossa, no Paraná, ainda repercutia e bem, com comentários positivos e uma enxurrada gerada por fotos e vídeos disponibilizados da parte de muitas pessoas, profissionais ou diletantes, que cobriram tal espetáculo.

Os dias passaram bem rápido e logo teríamos um compromisso para a nossa cidade de São Paulo, portanto a envolver bem menos gastos e cansaço com viagem e logística, ao menos para eu (Luiz), Rodrigo e Marcello, pois Junior e Marta viviam há muitos anos em Brasília e portanto, seria cansativo para eles, desta vez. 

Desde o início das tratativas desse show em São Paulo, previamente marcado para o mês de maio de 2018, nós fomos informados pelo Junior que tal confirmação estava a ser postergada, devido a complicações burocráticas alheias à nossa vontade. 

Ocorreu que a nossa apresentação estaria vinculada a um festival, cujo mote seria a comemoração dos quarenta anos de existência da gravadora, Baratos Afins. Originariamente, seriam quatro dias, com quatro ou mais atrações em cada noite, mas o Sesc Pompeia propôs a redução dessa intenção e dessa forma, os shows foram reduzidos em número de dias e atrações. 

A ideia do seu produtor, Luiz Carlos Calanca, proprietário da gravadora/loja de discos, famosa na Galeria do Rock de São Paulo, foi montar uma seleção significativa a representar ao máximo os artistas que ele lançara nessas quatro décadas de atividade, mas com o Sesc a impor limites, isso foi frustrado em parte. 

Dessa forma, o nosso show, que estava previsto para o dia 12 de maio, foi antecipado para 11 de maio e teríamos a companhia de uma banda de Heavy-Metal, que representaria os esforços do Calanca em haver lançado as coletâneas, "SP Metal" Volumes 1 e 2, no caso a banda santista, "Santuário", nos idos dos anos oitenta.

Em nosso caso, a história da Patrulha do Espaço com a Baratos Afins remontava a 1982, quando o terceiro álbum da banda (fase pós-Arnaldo Baptista, é bom salientar, pois na soma, seria o quinto disco), foi lançado por essa histórica gravadora. 

A tratar-se do famoso disco denominado, "Patrulha", simplesmente e famoso entre os fãs, como: "o disco branco da Patrulha", que contém muitos clássicos do seu repertório, tais como: "Columbia", "Bomba", Cão Vadio", "Mar Metálico", Transcendental" e a versão avassaladora de "Meus 26 Anos", esta, uma releitura do repertório do Joelho de Porco, nos anos setenta. Porém, participar dessa festa da Baratos Afins traria outros elementos importantes para a nossa banda e outros signos interessantes a resvalar em minha pessoa, igualmente.

Sobre a Patrulha do Espaço, além da discografia lançada por tal selo e os anos e anos de convivência com Luiz Carlos Calanca e sua equipe de trabalho, a efeméride em cima da efeméride, fora criada. Explico: a nossa formação "Chronophágica", da Patrulha do Espaço, participara da festa organizada nos mesmos moldes, em 2003 e naquela ocasião, a comemorar-se os vinte e cinco anos da Baratos Afins. 

Portanto, sob uma incrível coincidência, a Patrulha do Espaço participaria novamente e com a mesma formação de outrora, oficialmente desfeita em 2004. E mais um ponto, eu também detinha uma ligação seminal com tal gravadora, por conta dos dois álbuns d'A Chave do Sol, por ela lançados, nos longínquos anos de 1984 e 1985, respectivamente. 

E mais um dado, nós só fomos conhecer e negociar a nossa entrada nessa gravadora (refiro-me à minha banda, "A Chave do Sol"), por intercessão de Rolando Castello Junior, que deu-nos a dica e fez a devida apresentação e indicação elogiosa ao Calanca sobre o nosso trabalho, ainda nos estertores de 1983. 

E mais um ponto a salientar, eu também acrescentaria mais uma ligação com a Baratos Afins, pois ainda não exatamente nesse dia em específico, mas estava prestes a ser lançado o novo single d'Os Kurandeiros, em versão para plataformas digitais, com produção do Calanca, portanto mais uma vez eu estaria irmanado com tal gravadora. Dessa forma, fiquei bem contente com a possibilidade em participar da festa dos quarenta anos desse Selo, desta feita a usar a camisa da Patrulha do Espaço em seus últimos shows da carreira, que encerrar-se-ia nesse ano de 2018. 

Mas nem tudo foi alegria na confirmação desse show, pois com a antecipação da nossa data, de 12, para 11 de maio de 2018, tal ato arbitrário da parte do Sesc, impossibilitou a participação do Marcello Schevano, conosco. Seria de fato a oportunidade para termos a nossa formação Chronophágica em peso, e com o acréscimo da vocalista, Marta Benévolo, que estava na banda, desde 2010. Portanto, como o Marcello realizaria um show no mesmo dia com o Golpe de Estado, inviabilizou-se a sua presença conosco.  

Por ser um show marcado pela efeméride da Baratos Afins, o Junior propôs algumas modificações no repertório base que havíamos preparado e executado em Ponta Grossa, no Paraná, quatro semanas antes. 

Isso para aproximarmo-nos mais dos álbuns que a Patrulha do Espaço lançara sob a chancela da Baratos Afins. Nesses termos, acrescentamos três canções: "Simples Toque", "Ovnis" e "Piratas do Espaço". Gosto das três músicas, particularmente, que remontam à ótima fase da banda com o seu Power-Trio de ouro no início dos anos oitenta, com Junior/Dudu & Serginho, que eu tive o prazer de assistir ao vivo, várias vezes, e interagir no cotidiano como amigo da banda. 

Já falei isso várias vezes ao longo da minha autobiografia, mas sempre gosto de realçar, o Rolando foi muito generoso para com A Chave do Sol em seus primórdios e não só por indicar-nos e elogiar-nos ao Luiz Carlos Calanca, como já mencionei, mas por apoiar a nossa banda, que dava os seus primeiros passos na carreira, em 1982, inclusive com apoio material concreto, visto que muitos de nossos primeiros shows, só foram possíveis graças ao empréstimo gratuito do equipamento de PA da Patrulha do Espaço. E sem esquecer-me de que A Chave do Sol abrira um show da Patrulha do Espaço, em julho de 1983, com grande sucesso, na cidade interiorana de Limeira-SP.  

Bem, de volta à realidade de 2018, acertadas as músicas, previamente, mediante conversas desenvolvidas pela comunicação virtual, nós também soubemos que uma atividade extra fora agendada para a Patrulha do Espaço e marcada para o dia 12, o sábado posterior ao show do Sesc, o que faria com que a antecipação brusca da data, valesse a pena, enfim, por uma via torta. 

O programa, "Live on the Rocks", da Webradio Stay Rock Brazil, agendara a nossa banda para uma participação super especial, como um encaixe, visto que essa data pertencia na verdade, a uma outra banda, da cena moderna do Heavy-Metal, chamada: "Masmorra", na qual inclusive, o seu baterista era um velho amigo meu, o simpático, Toni Estrella. Bem, assim ficou estipulado que gravaríamos a nossa participação, portanto.

E mais uma nova, que culminou em confirmar-se como uma oportunidade muito boa para fazermos um show perante uma grande multidão e melhor ainda, a contar enfim com a presença do nosso amigo e velho companheiro, Marcello Schevano. 

Nós participaríamos da Virada Cultural de São Paulo, na semana subsequente, em 19 de maio de 2018. Junior e Marta chegaram a São Paulo na semana do show do Sesc e um ensaio foi marcado para o dia 10 de maio, quinta-feira, no estúdio Orra Meu, dos irmãos Schevano. 

Foto de um momento de descontração da banda, no ensaio realizado em 10 de maio de 2018. Marta Benévolo no primeiro plano a comandar a "selfie", com Rolando Castello Junior ao fundo, Luiz Domingues e Rodrigo Hid. Ensaio da Patrulha do Espaço no estúdio Orra Meu de São Paulo, em 10 de maio de 2018. Click (selfie). acervo e cortesia de Marta Benévolo
 
Continua...

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