O nosso próximo compromisso foi em meio a um festival realizado na cidade de Osasco-SP, produzido pela Secretaria de Cultura dessa cidade, com o objetivo de comemorar o dito, "Dia do Rock". Tal evento foi concebido para ser multifacetado, distribuído por vários dias (e não apenas no tal dia da efeméride em questão) e em vários espaços culturais mantidos pela sua Prefeitura.
Pois muito bem, uma ótima iniciativa, eis que um festival produzido nos moldes da famosa "Virada Cultural de São Paulo", haveria por ser algo muito positivo. Fomos escalados para apresentarmo-nos no Centro de Eventos Pedro Bortolosso, e esteve marcado para o dia 15 de julho de 2018.
Tal comunicação dessa data, no entanto, gerou-me uma apreensão, assim que eu tomei conhecimento e a minha preocupação foi motivada por uma dúvida em torno de uma questão que nada teve a ver com a nossa banda em si, mas poderia vir a ser uma temeridade.
E o motivo do meu receio, deu-se pelo fato em estarmos a passar pela inevitável e indefectível, realização da Copa do Mundo. E por uma ironia do destino para tal dia estava marcado para ser a data da final de tal torneio. Portanto, em tese, a nossa apresentação haveria por ocorrer uma hora antes do início da sua decisão.
Ora, já elucubrei por extensão, que se o time do Brasil chegasse à final do torneio, seria evidente que haveria por esvaziar não apenas o nosso show, mas todo o evento. Repercuti a minha preocupação com tal possibilidade aos meus colegas e também com a produtora da nossa banda, Lara Pap, mas ninguém compactuou com o mesmo grau de receio.
Quando soube da confirmação dessa data, o torneio ainda estava a cumprir a sua fase de grupos, portanto, a possibilidade do time do Brasil realmente chegar à final, fora apenas hipoteticamente aventada, porém, algo possível, como uma projeção matemática. Eu soube então que a posição da produção foi firme, no sentido de que, com ou sem a presença do time do Brasil nessa final, os shows programados para esse dia, não seriam cancelados sob hipótese alguma. Tudo bem, então... let's Rock!
Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Carlinhos Machado e Luiz Domingues. Os Kurandeiros no Centro de Eventos Pedro Bortolosso de Osasco / SP. Festival Semana do Rock 2018. 15 de julho de 2018. Click: Lara Pap
Fui para Osasco-SP, na companhia do Carlinhos Machado, que gentilmente cedeu-me uma carona, o que foi providencial, pois dessa cidade, eu conheço pouco, só domino o básico sobre o seu centro e desta feita, o deslocamento seria feito com destino a um bairro pelo qual eu não encontraria com a mesma facilidade como o Carlinhos, conduziu-nos com a sua contumaz maestria para escolher caminhos.
E mais que pelo conforto logístico, foi um prazer desfrutar da sua companhia, pois a conversa foi ótima, com trilha sonora permeada por Rock Progressivo setentista. E nesse dia em específico, o Carlinhos contou-me uma história fantástica que fora revelada à ele por um famoso astro do Rock brasileiro setentista, fato ocorrido na coxia do teatro Ruth Escobar, nos idos de 1973, quando da realização de um show de sua banda. Uma ocorrência hilária e sobre a qual, rimos muito, é claro.
Flagrantes da banda em ação. Os
Kurandeiros no Centro de Eventos Pedro Bortolosso de Osasco-SP.
Festival Semana do Rock 2018. 15 de julho de 2018. Click: Lara Pap
Quando chegamos ao local, impressionei-me com a estrutura do equipamento cultural mantido pelo município de Osasco-SP. Tratou-se de um centro cultural multiuso, bem construído a conter vários equipamentos e o local do show propriamente dito, a assemelhar-se com um salão de clube poliesportivo, bem amplo, capaz de abrigar cerca de cinco mil pessoas, eu diria e a manter um palco fixo, feito de alvenaria, com uma estrutura de bastidores bem rústica, porém funcional.
O equipamento de som e iluminação disponibilizado, pareceu de um nível adequado ao tamanho do espaço cultural, sob uma primeira impressão. Por outro aspecto, no entanto, mesmo com o time do Brasil alijado da possibilidade de estar na final da Copa do Mundo e a sua final ter sido realizada entre duas seleções sem muito apelo popular e uma delas, sem tradição pregressa alguma, o nosso evento esvaziara-se.
Houve pouca gente no espaço, a primeira banda já houvera apresentado-se e a segunda, preparava o seu set up para dar início ao seu show. Não seria uma banda, propriamente dita, mas o trabalho de uma cantora solo, chamada: Fernanda Coimbra, com a sua banda de apoio.
Confraternizamo-nos com o músico, Fabrício Nickel, que era nosso amigo e um dos organizadores do evento, por fazer parte da sua curadoria e logo, alguns Rockers, amigos nossos da cidade, chegaram, entre os quais, o Rocker & bluesman, Jessé Blindog, e os baixistas, Paulo Callegari e Rey Bass.
Assistimos então o show da cantora, Fernanda Coimbra e eu gostei bastante do seu trabalho, versado por canções sob forte apelo Bluesy e Jazzy, em predominância e apoiada por uma banda muito boa, municiada por um Power-Trio formado por ótimos músicos (o famoso baterista, Paulinho "Sorriso", fez parte desse grupo), a apresentar timbres vintage, muito agradáveis.
Uma lástima apenas que a audiência estivesse tão pequena, por conta da final da Copa do Mundo de 2018, pois quem ficou em casa a torcer para o Modric ou para o MBapeé, realmente perdeu um bom show da parte dessa cantora e sua banda, que fez-me recordar de alguns shows de MPB providos com muita qualidade, que eu assistira nos anos setenta.
Eis que a próxima banda entrou em cena. Louvo sempre a coragem de qualquer artista que predispõe-se a subir em um palco e tocar a sua criação, isso sem dúvida. Aplaudi a cada final de música desses rapazes, em sinal de respeito e apoio, mas realmente, para quem conhece-me e sabe muito bem que eu não aprecio nem o Heavy-Metal tradicional, portanto, o que dizer sobre as suas ramificações ainda mais guturais? Enfim, boa sorte para tais rapazes, dentro de seu nicho de atuação no mercado e que alcançassem o sucesso que almejavam para a sua carreira.
Mais flagrantes dos Kurandeiros em ação. Os
Kurandeiros no Centro de Eventos Pedro Bortolosso de Osasco-SP.
Festival Semana do Rock 2018. 15 de julho de 2018. Click: Lara Pap
Chegara a nossa vez e a despeito do público ter melhorado um pouco, certamente manteve-se longe do ideal, mas como sempre, com uma ou um milhão de pessoas presentes, isso não interferia na disposição d'Os Kurandeiros para subirem no palco e darem o seu recado e assim o fizemos.
Mais que um show de choque, tão comum em festivais com muitos artistas a apresentarem-se, fizemos um set quase no padrão de um show para teatro. E foi muito divertido, pois o público estabeleceu uma sinergia boa para conosco e isso foi até surpreendente dadas as condições que eu elenquei, anteriormente. Com um som de palco bem confortável e um sistema de iluminação simples, porém digno, divertimo-nos naquele palco com uma extensão longa e posso afirmar, foi muito prazeroso realizar esse espetáculo.
"A Noite Inteira" (Kim Kehl) + "Pro Raul" (Kim Kehl/Osvaldo Vecchione). Os Kurandeiros na Semana Rock de Osasco-SP, em 15 de julho de 2018. Filmagem e cortesia de Paulo Callegari
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=hTXSGzgqTZ8&feature=youtu.be
Enquanto conversávamos com amigos e simpatizantes nos bastidores, a banda que sucedeu-nos no palco ("007"), fez um tributo ao Raul Seixas. A despeito de ter sido uma apresentação cover, gostei dos músicos, que apresentaram qualidade e versatilidade.
Pude conversar com eles um pouco, posteriormente e fiquei feliz por saber que também desenvolviam um trabalho autoral, que espero conhecer um dia. Gostei da pegada setentista, bem marcante da parte deles.
E deu tempo para assistir um pedaço da outra banda, "The Melties", com um trabalho Hard-Rock com certa influência do Grunge noventista de Seattle. Boa banda, a apresentar canções com convenções sofisticadas e ótimos instrumentistas, além de uma cantora, bem jovem, mas que mostrou qualidade. Não tratou-se de uma sonoridade que cativasse-me, mas eu apreciei a qualidade da banda.
E sobre as demais bandas programadas, eu não vi, pois evadi-me do local. A lastimar-se o fato de que, se na hora em que tocamos o público mostrara-se fraco, quando eu fui embora e ainda faltavam duas bandas para apresentarem-se, o local estava praticamente deserto, uma grande pena.
Foi nesse dia do show d'Os Kurandeiros em Osasco-SP, que comemoramos uma ótima novidade extra para a nossa banda. Chegara da fábrica os dois discos com material ao vivo que o Kim preparava há meses.
Em um deles, eu não faço parte, por tratar-se de um show gravado ao vivo no Centro Cultural São Paulo, em 2009, com uma formação anterior, mas no outro, com material gravado ao vivo em programas de rádio e TV, eu participo em várias faixas. No próximo capítulo, vou analisá-los detalhadamente.
Continua...
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