sexta-feira, 19 de junho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 334 - Por Luiz Domingues


No dia 21 de setembro, visitamos os estúdios da 97 FM de Santo André e participamos do programa Riff Raff, onde o seu apresentador Richard, repercutiu a festa realizada dias antes no exótico ambiente do Ácido Plástico. Eu, Luiz Domingues, Rubens e Beto, representamos nossa banda na ocasião, para deixar o Zé Luiz Dinola livre dessa missão.

Um outro compromisso que teríamos, seria no Teatro Mambembe, onde costumeiramente atraíamos um bom público para as suas dependências, e sem fazer grande esforço de divulgação, além do disparo de mala postal via correio tradicional, cartazetes e filipetas.

Uma banda amiga tocaria conosco, o Anarca, que posso afirmar, também se colocava de forma anacrônica na cena oitentista, pois mais parecia uma banda de Hard Rock setentista. Esta era naturalmente aceita nesse meio em que vivíamos, mas assim como nós e outras poucas (Lixo de Luxo, Zangoba, Orquestra Azul, Cheiro de Vida, Mixto Quente, TNT, Fênix, e Ave de Veludo), éramos bandas híbridas, a tentar sobreviver em um cenário muito hostil, mais a sermos confundidos com algo que não éramos exatamente, mas na falta de algo mais confortável, aceitávamos o improviso da situação.

Foi uma outra ação do produtor, Antonio Celso Barbieri, mas nessa altura, apalavrados com o Studio V, e a faltar poucos detalhes para assinar e registrar um contrato oficial, deveríamos pagar o Barbieri e depois do nosso líquido, dar um filão muito robusto para o Studio V.  Como as bilheterias do Teatro Mambembe eram sempre excelentes, não sentimos muito o golpe, mas ao pensar hoje em dia... que sangria sem sentido, visto que se tratava de mais um show sem nenhuma interferência do Studio V se concretizar.

E como sempre, foi uma noitada sensacional com casa lotada e muita energia. Lembro-me da presença de Sonia e Toninho nos bastidores, e o quanto pareciam eufóricos com aquele sucesso todo. Estávamos em meio a uma casa abarrotada, com quase o dobro do público máximo que a comportava e este, a se mostrar inteiramente eufórico com o show. Respondera, aliás, com total interação às brincadeiras do Beto, além das minhas intervenções como "locutor de FM" ao microfone, para dar recados gerais etc.

Portanto, foi óbvio que o casal se empolgasse, ao projetar esse sucesso amplificado na larga escala popular do mainstream, e nós também pensássemos nesses termos, certamente, completamente eufóricos pela perspectiva.

Aconteceu no dia 22 de setembro de 1986, com seiscentas e trinta e quatro pagantes, fora convidados, e estabeleceu o recorde de lotação daquele teatro. Era na realidade, quase o dobro de sua capacidade total, ou seja, pessoas se amontoaram pelos corredores, algo que nos dias atuais é impossível de ocorrer pelas normas de segurança impostas pelos bombeiros, prefeitura e defesa civil (e quanto a isso, eu concordo, claro, como cidadão consciente).

Mas imprudência a parte, foi sensacional para nós, estabelecer tal marca e no caso, tal recorde só foi suplantado ao final de 1987, pelo grupo Heavy-Metal, "Sepultura", que estava a estourar internacionalmente, e dessa forma, este movimentaria mais de novecentas pessoas ao teatro, inclusive com mais de quinhentas excedentes na rua, a forçar entrada, e dessa forma, a obrigar os organizadores a chamar a polícia.

Alguns dias depois, teríamos mais uma aventura interestadual, entretanto, ao invés de irmos novamente ao Rio, ou algum outro estado vizinho, seria desta feita, uma aventura longínqua e bastante estimulante para nós. Um show no Nordeste, especificamente em Teresina, capital do estado do Piauí.
Continua...

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