segunda-feira, 22 de junho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 350 - Por Luiz Domingues


Quando novembro chegou, a nossa primavera não poderia estar mais florida! Com a nova demo-tape finalizada, assim como o material gráfico e fotográfico, nesse instante esteve nas mãos do Miguel tomar as providências cabíveis para que nós mudássemos de vida, ou melhor a dizer, começássemos a mudar.

Ele certamente tomou as suas providências, e assim, os tais telefonemas estratégicos que havia arrolado em sua agenda, foram efetuados.

A primeira investida dele foi com Rita Lee. Entretanto, não foi de primeira que conseguiu êxito, pois amargou uma boa espera da parte da "Rainha do Rock". Foram diversos telefonemas realizados e sempre a esbarrar no filtro de uma assessora/produtora, e nunca a falar diretamente com a celebrada ruiva.

Algum tempo depois, até que enfim, ele conseguiu que Rita lhe retornasse em pessoa, mas a resposta que ela emitiu, frustrou-o, e logicamente a todos nós...

Ao alegar estar a viver um momento difícil, com a recente perda de sua mãe, disse estar sem ânimo para fazer nada, e por conta do luto, a sua carreira estava paralisada, até segunda ordem, por motivo justo, certamente. Bem, nesses termos não coube nenhuma contestação de nossa parte.

Só lamentamos, naturalmente, pois se a Rita havia perdido o bonde da história, artisticamente a falar, desde o final da década anterior, naquele instante dos anos oitenta, mantinha ao contrário, um prestígio midiático e popular, enorme. Portanto, a sua intervenção, como boa vendedora de discos que foi naquele ponto, teria sido um reforço e tanto para as nossas pretensões.

Sem Rita como madrinha, partiríamos para o "plano B", de pronto, no entanto, Miguel mudou a sua estratégia, e decidiu abordar o mega produtor fonográfico, André Midani, diretamente, por temer que pudéssemos perder ainda mais tempo, caso Erasmo Carlos também demorasse a se pronunciar, a aceitar ou não, nos apadrinhar. Então, ao ligar para o mandatário máximo da Warner, ele agendou encontro da banda com ele, quando o material seria analisado, então.  Empolgadíssimos ficamos, é claro...

Após diversas tentativas que fizéramos, desde 1984, e a errar sempre na abordagem, é bem verdade, finalmente chegaríamos com um material em condições, e agora, com uma mão pesada a nos introduzir, na figura de um empresário com entrada nos bastidores da mídia e indústria fonográfica. 

Mais que isso, Miguel era amigo pessoal de Midani e certamente que tal fator seria um agente facilitador nesse processo de nossa admissão enfim, em uma gravadora multinacional de grande porte. Estaríamos com acesso garantido dentro de uma gravadora major, enfim?

Foi o que nós dimensionamos, logicamente... e tal perspectiva contaminou-nos de uma forma contundente, eu diria. Como não acreditar que a nossa hora chegara, diante de tantas evidências alvissareiras? 

Então, Miguel deu ordens para que Sonia e Toninho preparassem toda a logística de nossa ida ao Rio de Janeiro. A ideia seria que Sonia e Toninho nos acompanhassem nessa missão, e dessa forma, a viagem foi planejada.
Continua...

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