terça-feira, 9 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 101 - Por Luiz Domingues

Voltando à cronologia dos fatos...

Fomos convidados a participar de um evento de grande porte, como nos primórdios da banda em 1992, tempo em que tais oportunidades surgiam aos montes, graças aos contatos da rádio 89 FM e através do nosso baterista, Juan Pastor. Tal evento seria realizado num espaço novo de shows que estava com uma programação forte de artistas do mainstream, já há algum tempo. Tratava-se de um palco enorme e de concreto, portanto permanente. A estrutura de camarins era boa e o espaço estava acostumado a receber grandes multidões. Era rústico, é verdade, tanto que o espaço reservado ao público, além de ser descoberto, só permitia assistir-se os shows, em pé, por tratar-se de um pátio acimentado.


Chamava-se "Palco da Represa" e ficava no bairro Riacho Grande, em São Bernardo do Campo / SP, e de fato, fazendo jus ao nome, era à margem da represa Billings, uma enorme represa que abastece grande parte de São Paulo, e todas as cidades da região do ABC. Portanto, era um lugar de bela natureza, mas com a tendência a ser difícil nos meses de outono e inverno, justamente por fazer um frio intenso. O evento era apoiado pela rádio 89 FM, mas tinha uma produção própria. Tinha a característica punk / hard-core como mote, e as atrações seriam : "Ratos de Porão", "Os Raimundos", "Golpe de Estado"; "Os Inocentes", e nós, o "Pitbulls on Crack".

Se fosse só pelas atrações punks envolvidas, teria sido desconfortável, mas com a presença dos amigos do Golpe de Estado (e posso citar também, Os Inocentes, e lendo os capítulos da Chave do Sol, o leitor descobre porque eu sempre tive boa relação de amizade com essa banda), ficou bem mais amena a nossa participação, embora no resultado final, tenhamos colecionado novos aborrecimentos. Aceitamos tocar, claro. O cachet oferecido não era nenhuma maravilha, mas a exposição num show de grande multidão, mais a mídia massiva que seria feita, valeria a pena.

Apesar do Pitbulls on Crack não ser nada sessentista em essência, estávamos com aquele invólucro, devido ao aparato de divulgação da gravadora, e a criação da lata etc. Se fosse analisar por esse aspecto, certamente que a nossa presença em um evento onde forças antagônicas prevaleceriam, seria desaconselhável, mas tratar-se do Pitbulls on Crack, nem preocupávamo-nos com tais considerações estéticas, ou mercadológicas mais pormenorizadas. Então, é claro que aceitamos participar, e logo a propaganda mais vitaminada esteve nas ruas (cartazetes e lambe-lambe), e nas ondas radiofônicas. É lógico que isso foi benéfico para nós, ainda mais ao se considerar que havíamos recém-lançado um novo álbum etc.
As fotos ao vivo que eu usei neste capítulo são do Olympia, em outubro de 1996. Clicks de Marcelo Rossi

Continua...

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