terça-feira, 9 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 94 - Por Luiz Domingues

A festa estava em andamento, mas o público estava muito aquém do que esperavam. Os seus organizadores mantinham a esperança de que a meta traçada, de doze a quinze mil pessoas, fosse atingida, e achavam que o grande fluxo chegaria no momento quando o grupo australiano,"Honey Island" fosse tocar. Aliás, cabe a pergunta: contrataram uma banda internacional, e os colocariam naquele palquinho medonho, e para tocar naquele P.A. digno de uma quermesse de bairro? Aonde fomos parar? No show do Frank Zappa cover que víramos, meses antes, não houvera sido usado um equipamento de primeiro mundo, mas esteve digno.

Desta feita, nitidamente economizaram ao contratar um equipamento de terceira linha, e assim planejaram colocar os artista internacionais ali sob tais condições inóspitas?

Com a notícia do mau tempo em São Paulo, o marqueteiro da gravadora ficou ainda mais nervoso, pois fora informado que o voo dos australianos. atrasar-se-ia. O jeito foi postergar a entrada do "Tiroteio", e a nossa em seguida, para ganhar tempo.
Still / Frame da entrevista que a MTV fez conosco no lounge do sítio onde realizamos a festa-lançamento do CD "Lift Off". 13 de dezembro de 1996

Nesse ínterim, uma equipe de reportagem da MTV chegou ao local, e gravou uma entrevista conosco, e com o Tiroteio. Falamos bastante sobre o aparato da lata, e a atmosfera sessentista que evocáramos, mas essa conversa não conteve respaldo algum. Embora nos anos noventa, não houvesse mais em tese, a ojeriza sobre tal assunto, que existira nos oitenta, por outro lado, tirante manifestações isoladas, o público alvo da MTV nem entenderia essa questão, logicamente.
O foco noventista naquele instante no Brasil, foi em torno de bandas agressivas; derivadas do Hard-Core, com sujeitos a usar bermudas e a forjar os maneirismos de autênticos maloqueiros, mediante malandragens, etc. Inclusive, a ignorar o Brit-Pop noventista, que só ganhou relativa força por aqui, ao final daquela década, com atraso, portanto.

Conversa sobre resgate de psicodelia sessentista, não era compreendida por esses telespectadores, simples assim. Mesmo assim, por parte da equipe e do repórter, fomos bem tratados, certamente, e a matéria ficou boa, quando foi ao ar, já no dia seguinte, como fato posteriori. Veja abaixo, o vídeo dessa entrevista, onde inclusive aparece a banda a tocar no palquinho já citado...
O link para assistir no You Tube :
https://www.youtube.com/watch?v=Y2FD1Tp0LV4


O público da festa, pareceu ser o mesmo habitual das
festas organizadas por esses sujeitos. Andavam para lá e para cá, à cata de bebidas e paqueras, alheios às bandas.

Mesmo antes de irmos ao palco, sabíamos que não faria diferença alguma os shows para eles, e pelo contrário, talvez os aborrecêssemos com a nossa música autoral desconhecida. A chuva apertava e acalmava, mas mesmo nos momentos mais amenos, nunca deixou de pingar, e com isso a inibir a presença das pessoas no campo de futebol, que estava comprometido pelo lamaçal produzido. Foi, sem dúvida, um fator negativo a mais, e potencializador para o fracasso...
Continua...

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