quinta-feira, 18 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 90 - Por Luiz Domingues

Rodrigo Hid a fazer pose como se fosse o Ian Anderson, nas dependências do Estúdio Sonarte, em junho de 2001. Foto de Samuel Wagner, nosso roadie


A seguir, iniciaríamos enfim, as gravações do segundo álbum com inéditas da nossa formação da Patrulha do Espaço. Foi o feriado de Corpus Christ, em 14 de junho de 2001, quando realizamos um intensivo no estúdio Sonarte, a aproveitarmos o final de semana prolongado, e sem sessões agendadas para a clientela tradicional daquele estúdio. 

Infelizmente, tratava-se de um estúdio bastante defasado, e detinha dessa forma, graves problemas de manutenção, mas naquela circunstância, não tivemos meios para pleitear gravar o novo disco através de um estúdio melhor, uma pena. A nossa compensação foi que o técnico que ficaria à nossa disposição para trabalhar conosco, se tratava de um amigo; Rocker e fã da Patrulha do Espaço, chamado, Isaías Galdez, mas popularmente conhecido como: "Kôlla". 

Extremamente gentil e dedicado, o Kôlla tinha bastante competência, e uma vocação tremenda para a paciência monástica em lidar com as adversidades múltiplas que aquele estúdio apresentava. O estúdio tinha tantas deficiências oriundas da sua defasagem institucional, e falta de manutenção adequada, que se não fosse ele, Kôlla, com a sua incrível resiliência para "dar um jeito", nas coisas que pifavam, não teríamos conseguido gravar aquelas canções.
Eu, Luiz Domingues, na linha de ataque para gravar na sala da técnica do estúdio Sonarte. Foto de Samuel Wagner
 
O material novo que tínhamos em mãos, seguira a linha de resgate 1960 & 1970, igual à safra anterior, que compôs o repertório do CD "Chronophagia", porém, tivemos menos material em mãos, devido ao fato de que ensaiamos pouco desde o lançamento do último CD em questão, ao privilegiar a realização de shows. Foram apenas seis canções, das quais três, já estavam a serem executadas nos shows ao vivo, desde o ano 2000, casos de: "São Paulo City", "Terra de Minerais" e "Homem Carbono". 
Uma resenha sobre o CD Chronophagia, proveniente de um Site da Internet, não identificado, publicada em 2001

O estúdio ficava localizado no bairro do Cambuci, zona sul de São Paulo, instalado em uma enorme casa que fora residencial um dia. Ali funcionava, além do estúdio, o escritório deles; uma sala usada como estúdio fotográfico, salas destinadas à reprodução de cópias de fitas K7, com velhas máquinas dos anos setenta e salas onde funcionários trabalhavam com computação gráfica, a preparar capas de discos; releases, portfólios e books de fotos promocionais.

A intenção era boa, pois estavam organizados para atender todas as necessidades de quem pretendia gravar um disco, ao fornecer todos os elementos para o artista sair dali com um pacote completo, a conter disco; capa, release e fotos promocionais.

Mas, infelizmente, tudo era bastante precário, ainda que a sua clientela base, fosse formada por artistas do mundo popularesco, onde o padrão de percepção da qualidade artística e estética, era muito baixo, e portanto, o resultado oferecido por eles em todos os quesitos citados, costumavam ser de baixo nível estético/visual, e também no aspecto do áudio. Fazer o quê?


Uma outra resenha temporã sobre o CD Chronophagia, publicada em abril de 2001, na Revista Dynamite.

Precisávamos usar a oportunidade do estúdio, mesmo ao saber que apenas um milagre poderia fazer com que o áudio do nosso disco ficasse no mínimo no patamar igual ao anterior, e convenhamos, o CD Chronophagia peca pelo áudio, infelizmente.

Para dar um clima inspirador e tirar um pouco o ranço popularesco de tais instalações, aproveitamos o fato do estúdio estar vazio naqueles dias (sem funcionários devido aos feriados, e também pelo Kôlla, ser "um dos nossos"), e assim queimar uma quantidade absurda de incensos, além de colocamos posters com fotos de artistas oriundos dos anos 1960 & 1970, por todas as dependências, para nos inspirar através de uma boa vibração.

Começaram então as gravações, e para ganhar tempo, a dinâmica inicial foi semelhante à das gravações do CD Chronophagia, ou seja, nas tomadas de gravação da bateria, estiveram a valer também o baixo, e algum instrumento harmônico base, ou guitarra ou teclado. Claro que eu não gosto de gravar desse jeito, prefiro o método tradicional, do "um de cada vez", mas com orçamento apertado e a ter que correr contra o relógio, não restara outra alternativa...

Poucos dias depois dessa nossa exibição ao vivo no programa "Musikaos", da TV Cultura, já circulava pela Galeria do Rock, em várias lojas, esse DVD mostrado acima, com a cópia pirata de nossa participação, além do Made in Brazil e Baranga, também. A ação pirata era ligeira naquela ocasião...

Continua...  

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