segunda-feira, 22 de junho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 356 - Por Luiz Domingues


A nova solicitação de entrevista que recebemos, não foi da parte de um órgão de grande porte, mas pelo contrário, um jornal de bairro. Claro que o aceitamos de bom grado, e assim, concedemos entrevista à Gazeta de Moema, simpático jornal desse bairro da zona sul de São Paulo, pelo qual eu mesmo sempre tive muito carinho, pois morei ali entre 1973 e 1975, e o frequentava regularmente desde 1963, por conta de ali morarem os meus padrinhos/tios. Isso se contar que também morei na Vila Olímpia, um bairro vizinho, e ambos geograficamente são separados apenas por uma avenida, na mesma altura, a Avenida Santo Amaro.

Ali, na Vila Olímpia, eu vivi entre 1967 e 1971, portanto, nessa somatória, eu conhecia aqueles quarteirões entre a divisa desses bairros com desenvoltura, estudei no mesmo colégio nas duas passagens que tive entre os dois bairros, e muito da minha formação musical e identidade Rocker, fora forjada naquelas ruas em que tanto andei. O primeiro exemplar da revista: "Rock, a História e a Glória", que eu comprei, foi na banca de jornais da esquina da Avenida Pavão, com a Avenida Santo Amaro, por exemplo, no lado de Moema, em 1975.
Mas por ironia do destino, justo nessa entrevista para esse jornal que representava um bairro que eu tinha carinho e muitas memórias pessoais, não houve uma entrevista conduzida pessoalmente na redação do referido órgão. Portanto, ninguém esteve in loco em sua sede, e a condução da mesma se deu via telefone, apenas com o Rubens como nosso Porta-Voz, mas sem prejuízo algum à banda, naturalmente, porque o Rubens se expressava (expressa) muito bem.

E houve um mote para essa escolha pelo Rubens: como morador de outro bairro vizinho e também às margens da Avenida Santo Amaro, a Vila Nova Conceição, ele foi considerado um morador de Moema pelos responsáveis pelo jornal.

Por ser um jornal de bairro, nos deu um espaço generoso, de uma página inteira, portanto, apesar da pequena tiragem e penetração circunscrita a um bairro apenas da cidade, e mesmo que consideremos que bairros paulistanos tem porte de cidade, pelo tamanho e infraestrutura própria, claro que uma entrevista em jornal de bairro, não pode ter a mesma repercussão que um grande periódico de circulação nacional, ostenta. Por outro lado, como eu já disse várias vezes neste capítulo sobre A Chave do Sol, e também em outros desta mesmo autobiografia, eu aprecio muito os jornais de bairro.
A matéria/entrevista foi bastante simpática e a reforçar outra grande vantagem dos jornais pequenos, foi que estes não estão fechados em linhas editoriais rígidas, e muito menos comprometidos com estéticas artísticas A, B ou C, portanto atuam com muito maior liberdade, e dão espaço para os entrevistados, sem deturpações, juízo de valor, e perguntas capciosas para derrubar o entrevistado. 

Também não tiram frases bombásticas do contexto da entrevista para compor manchetes e/ou subtítulos que mudam completamente o rumo da entrevista, e a comprometer a imagem do entrevistado. E foi o caso dessa publicação da Gazeta de Moema, que foi bastante simpática com a banda.

Foi conduzida por um (então) jovem jornalista chamado, Paulo Mohylovski, e publicada no dia 1º de novembro de 1986. Perguntas clássicas se somaram a outras até surpreendentes, quando por exemplo, enveredou-se por aspectos políticos, sociais e no papel da mídia em relação ao Rock naquele panorama de final de 1986.

Continua...

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