terça-feira, 9 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 92 - Por Luiz Domingues

Claro que o soundcheck foi caótico. Não dava para fazer milagres com um P.A.tão deficiente daqueles, e sobretudo sob a operação de técnicos despreparados. Pelo nível dos indivíduos, deduzo que deviam estar acostumados a sonorizar quermesses de igrejas; festas provincianas de bairros, e que tais. 

Ameaçara chover mais, e o marqueteiro estava enlouquecido com a logística dos australianos, acima de qualquer outra preocupação.

Entre o Deca e o Chris, está o jornalista Antonio Carlos Monteiro, que foi visitar-nos no estúdio, por ocasião das gravações do CD Lift Off, em 1996.

Por volta das 19:00 horas, recebo a presença do jornalista, Antonio Carlos Monteiro, acompanhado de sua esposa e filha. Estavam a chegar ao evento, devidamente convidados por nós, naturalmente. Contudo, por conta dos desmandos da parte da organização do evento, foram maltratados por seguranças ríspidos. Só soubemos do ocorrido, ao ouvir o relato do próprio, Antonio, que estava bastante indignado, e com toda a razão. Segundo ele contou-nos, demorou muito para alguém liberar a sua entrada com a família, além do clima de tensão e má educação com a qual foram tratados.

Até cachorro bravo fora atiçado contra eles, a inibir todo o prazer da família em aproveitar a festa. Emblemático, o próprio, Tony ironizou, ao dizer que aquela recepção fora: "Muito Paz e Amor'", como havíamos propagado o "Pitstock", no release oficial que enviáramos-lhe, e pelo material promocional do evento.

Fiquei duplamente chateado com essa revelação da parte dele. Primeiro pela vergonha em expor pessoas amigas a esse tratamento vexatório; e sob um segundo instante, por essa frase irônica ter espelhado fielmente a completa desvirtuação do projeto (que afinal de contas, era da responsabilidade dos garotões da organização da festa). 

Já falei várias vezes, mas reforço: a gravadora não tinha obrigação alguma de produzir um show de lançamento. A ela, caberia produzir o CD; distribuí-lo, e divulgá-lo na mídia. Portanto, estávamos gratos pelo apoio extra, inicialmente.


Contudo, todo o projeto saiu de controle, quando o marqueteiro sentiu-se pressionado pelos seus amigos, produtores da festa, a cortar veementemente as nossas ideias e dessa forma, praticamente transformar o nosso lançamento, em uma festa comum, nos moldes em que estavam acostumados a produzir. Dessa maneira, deve ter surgido a ideia da banda australiana, que no mundo particular deles, devia ser grande, e agradaria o público que atingiam normalmente com os seus eventos. Isso eu até entendo. E também não chateio-me por saber que uma verba da gravadora foi gasta para investir na festa. Se haviam prontificado-se a produzir o evento, e isso não seria uma "obrigação" da parte deles, foi compreensível que tenham tido gastos nessa produção.

Mas a partir do momento que o nosso lançamento tornou-se secundário, eticamente tornou-se discutível que esse dinheiro empenhado para cobrir despesas, que competia aos garotões da organização da festa, tivesse sido usado. Sendo apenas uma festa normal onde o mote, "Pitstock", perdera o sentido completamente, e apesar do aparato mercadológico assim denominá-lo, ter tornado-se na realidade a festa com "Honey Island" e bandas nacionais de abertura, é claro que o dinheiro teria sido melhor empregado em um novo vídeoclip, ou outras ações de divulgação para o CD. Enfim, estou apenas a conjecturar, com dezenove anos de distância do evento (1996-2015), pois o que ocorreu foi que todo o esforço de divulgação do evento a promover o novo CD do Pitbulls on Crack foi todo desperdiçado nessa ocasião...


Continua...



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