sexta-feira, 19 de junho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 333 - Por Luiz Domingues


Bem, o Destroyer fez seu show habitual, e a casa estava com um bom público, mas cabe uma ressalva: havia cerca de duzentas pessoas no local, mas para os padrões daquele tempo, nós chegamos a considerar esse resultado fraco, com um público pequeno... imagine, do jeito que a dinâmica ficou dos anos 1990 em diante, duzentas pessoas é sinal de grande sucesso hoje em dia (2015).

Após o show do Destroyer, o locutor, Richard, fez a sua intervenção bem agitada, para promover sorteios, a falar sobre o seu programa, logicamente, e a seguir, anunciou-nos.

Fizemos um show quase no padrão de choque, um pouco mais estendido, eu diria, e foi muito bom, embora o nosso som fosse infinitamente mais leve e o público presente fosse predominantemente "headbanger" em essência. Foi o tal negócio: éramos respeitados nesse meio, apesar de que, mesmo em nossos momentos mais pesados, na época da formação com a presença do Fran Alves, nunca fomos uma banda de Heavy-Metal, e para agravar ainda mais, com a entrada do Beto, havíamos ficado ainda mais leves, mais a parecer Hard Rock setentista, em alguns aspectos.

O Beto estava com um problema de garganta, ao queixar-se de sentir dores nos dias que antecederam esse show. Ele consultou um médico e houve a suspeita de que fosse algo grave, a se revelar um nódulo nas cordas vocais. De fato, Beto cantou com um desconforto, entretanto, na adrenalina do show, até solo vocal ele empreendeu (em: "Que falta me faz, Baby"), a surpreender-nos inteiramente, pois nós três (eu, Luiz, Rubens e Zé Luiz), sabíamos que ele estava com esse problema e que deveria conter-se, mas... 

Então, eis que um problema extra-musical estava a nos aguardar do lado de fora das dependências do "Ácido Plástico". Informados por China Lee, vocalista do Salário Mínimo, ficamos apreensivos em saber que uma gangue enorme de punks estava do lado de fora do estabelecimento, a esperar pelo momento certo para invadir e promover um tumulto generalizado.
                    O vocalista do Salário Mínimo, China Lee

Diante da iminência de uma batalha campal, com grande chance de transformar-se em tragédia, os responsáveis pela casa chamaram a polícia, que veio dispersar a trupe dos brigões e assim, o público presente pôde sair em segurança, para deslocar-se à Estação do Metrô Carandiru, ou por outros meios, e nós músicos, pudemos também efetuar a nossa saída em segurança, com os nossos instrumentos, equipamentos etc.

Aconteceu no dia 14 de setembro de 1986, um sábado, no "Ácido Plástico", com cerca de duzentas pessoas presentes.
Resenha desse show descrito acima, que foi publicada na revista Metal, nº 27, a posteriori

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário