quinta-feira, 18 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 83 - Por Luiz Domingues


A próxima parada seria em Santos-SP, no litoral de São Paulo. Eu não tocava naquela simpática cidade praiana, desde 1987, quando ali me apresentara pela última vez com a "A Chave do Sol", através de um espaço chamado: Circo Marinho, aliás, literalmente um circo, instalado na Av. Ana Costa, mas que era usado muito mais para promover shows musicais, do que espetáculos circenses, propriamente ditos. Bem, a Patrulha do Espaço já tinha estado no litoral, um ano e tanto antes, quando apresentara-se em uma cidade vizinha, no caso, a Praia Grande-SP. 

Desta feita, tocaríamos em uma casa noturna, denominada: "Praia Sports Bar". Era pequena em sua constituição física, mas muito bem localizada, na av. da Praia do Gonzaga, próximo ao clube XV de Novembro, para quem conhece a cidade.

Esse bar mantinha uma tradição em mesclar bandas autorais à bandas cover, e ostentava uma razoável estrutura, mas no quesito "negociação", era bem complicado para se lidar, pois nesse específico item, o seu dono (apelidado como: "Ratinho", por ser semelhante ao então famoso apresentador popularesco da TV), tendia a esquecer-se de quem tinha uma carreira autoral solidificada, e dessa maneira, a querer estabelecer um padrão de remuneração indigna para uma banda do nosso quilate.
Nessas horas, conter um portfólio volumoso, como a Patrulha do Espaço já detinha há décadas, de nada valia, tampouco a história, o respeito e admiração entre os fãs, discos lançados, e a decantada árvore genealógica que fazia de nós, parentes próximos dos Mutantes; Rita Lee, e outros "primos" importantes na história do Rock brasileiro. 

O show foi bom, a ser descontar-se todos os problemas que uma banda autoral sofre normalmente para impor a sua obra com um mínimo de dignidade. Cerca de duzentas pessoas estiveram presentes, o que surpreendeu o incrédulo, "Ratinho", que esperava um fiasco de bilheteria e convenhamos, subestimar a nossa capacidade foi um típico sintoma de falta de noção, algo com o qual lidamos muitos, infelizmente em nossa trajetória. 

Muitos fãs da Patrulha do Espaço, da cena Rocker do litoral, estiveram presentes, muitos deles, da mesma turma que nos vira um ano antes naquele show da Praia Grande, realizado em um salão-bar de um moto clube, nessa cidade vizinha. A lembrança engraçada do "Praia Sports Bar" nessa ocasião, e que repetir-se-ia em outras ocasiões em que voltamos à essa casa, foi a da presença de uma garçonete que usava uma micro-saia tão curta, que gerou uma concorrência para nós mesmos, em termos de se prender a atenção do público. De fato, os olhares masculinos ficavam hipnotizados, e claro, se tratava de uma estratégia do dono do estabelecimento que veladamente sabia que na base do rumor, a fama da garçonete loira, a usar micro-saia, atrairia muitos fregueses, independente da atração musical. 

Prova cabal disso, se deu quando dias depois, em São Paulo, comentamos o ocorrido com um amigo e colega nosso, grande músico, aliás, cujo nome eu que preservarei. Falávamos sobre o último show, e antes de mencionarmos a garçonete, ele já disparou: -"Ah...Praia Sports Bar... e a garçonete da micro-saia, estava lá?"...

Então foi assim a nossa presença em Santos-SP, no dia 17 de março de 2001...


Continua...

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