quinta-feira, 18 de junho de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 320 - Por Luiz Domingues


Simultaneamente à essa negociação, o telefone não parava de tocar e o nosso "momentum", fruto de quatro anos de trabalho árduo, esteve ótimo. Portanto, assinar com o escritório poderia vir a ser o fator catalisador de nossa ascensão definitivo ao patamar mainstream, pois acreditávamos que o escritório não só saberia aproveitar as oportunidades que gerávamos espontaneamente, mas o seu poder de fogo haveria de somar-se a isso, para acelerar o processo. Isso nos animou muito para aceitar a associação com o "Studio V".

Mas por outro lado, com as oportunidades a acontecer diretamente em nossa vida, sem a ação de um empresário, não poderiam parar, é claro. E sendo assim, a agenda tinha prevista para nós, muitos shows, e contatos na mídia, sem nenhuma interferência da parte deles, e claro que cumprimos tudo, independente do acerto com tal escritório 


O que não poderíamos imaginar, de forma alguma, foi que esse seria o começo do fim da nossa banda, a sinalizar um caso extraordinário de reversão completa da energia gerada, como se os polos houvessem sido brutalmente invertidos, a estabelecer uma completa inversão de spins. Quem conhece física, há de entender o que isso significa. 

Enfim, tenho muito a relatar sobre esse imbróglio, mas claro que na época, jamais poderíamos conceber tal desfecho terrível, e diametralmente oposto aos sinais que tínhamos. Ou seja, nessa fase, fomos movidos pelo sentimento da mais pura euforia pelo momentum excelente que vivíamos, sobretudo pela perspectiva de entrarmos em uma fase ainda melhor. 

A sensação que tínhamos, foi nítida em estarmos muito próximos de um voo alto. E o fato do "Studio V" ter nos procurado e não o contrário, deu-nos a nítida e a priori, inequívoca impressão, de que as portas abrir-se-iam, enfim. Esse combustível de euforia que foi gerado, foi ironicamente o que nos minou internamente, meses depois. Entretanto, ainda tenho muito o que relatar para chegar nesse ponto da narrativa. 

Por enquanto, eu devo relatar apenas que a euforia norteou os últimos meses de 1986 para nós, e isso gerou um bom número de histórias que contarei, certamente.

E antes de avançar, registro que fomos novamente ao "Balancê", programa da Rádio Excelsior/Globo AM, onde éramos habitues de 1984. Desta feita, no dia 26 de agosto de 1986, o objetivo foi divulgar o próximo show que faríamos, dali a três dias, no Centro Cultural São Paulo, um local nobre de shows em São Paulo, e que curiosamente nunca havia nos dado uma oportunidade anteriormente. Bem, sempre há uma primeira vez para tudo...

Continua...

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