quarta-feira, 10 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Sidharta - Capítulo 31 - Por Luiz Domingues


Um dos últimos momentos engraçados com o Zé Luiz, ainda como componente da nossa banda, rendeu uma história insólita, que não poderia deixar de ser contada. Aconteceu logo no início de 1999, quando fomos visitar um estúdio de ensaio no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Era um bom estúdio, muito bem montado e próximo à Rua Butantã, perto de onde hoje em dia, fica o Sesc Pinheiros. Havia nele, várias salas de ensaio, com equipamento de muita qualidade ao dispor dos clientes etc. 

Então, o filho da dona do estabelecimento, que era guitarrista de Heavy-Metal (nessa banda, cujo nome não guardei, tocava o vocalista inglês, radicado em São Paulo, chamado: Paul Di'Anno), quis nos mostrar a sala de gravações, onde costumavam gravar fitas demo de ensaios. 

Estava ocupada naquele momento, mas ele insistiu e quis nos mostrar assim mesmo. Eu fiquei constrangido, pois sei que visitas, quanto mais de estranhos, em meio a uma sessão de gravação, são super inoportunas. Mesmo assim, foi ele, o proprietário, quem formulou o convite e nos conduziu, pessoalmente à sala de gravação. 

Quando entramos na sala (estávamos eu; Luiz Domingues, Zé Luiz, e Rodrigo), vimos que era uma sessão de gravação de vocais de uma banda de Heavy-Metal melódico, e logo reconheci ao lado do técnico, a figura do guitarrista do Angra, Rafael Bittencourt, que claramente estava no posto de produtor da banda.

O guitarrista da banda de Heavy-Metal, Angra, Rafael Bittencourt, que produzia a banda em questão, naquele momento

Não me lembro mesmo quem teria sido a tal banda, pois como sabe o leitor atento, eu ignoro o mundo do Heavy-Metal, e se esses garotos ficaram famosos depois disso, me perdoem pela gafe, mas não saberia dizer quem são. 

Mas o fato realmente surpreendente dessa história, não tem nada a ver com a tal banda, nem com o guitarrista do Angra. Ocorreu que havia um coprodutor envolvido nessa produção e a sua persona não poderia ser mais insólita: Clodovil Hernandes!

Foi algo bizarro, mas o estilista/político e apresentador de TV, Clodovil Hernandes, mandava parar a gravação do vocalista a todo instante, ao cometer observações subjetivas, e com isso, ao dar a entender que realmente estava a dirigi-lo! 

E tem mais: Clodovil fazia isso longe da mesa de mixagem, deitado em um sofá, a gesticular com aquele frescor que lhe era típico... 

Então, sob uma pausa, o filho da dona do estúdio (que por sinal era uma cantora veterana de Bossa Nova, mas cujo nome eu esqueci completamente, infelizmente), nos apresentou àquelas pessoas. O Rafael fez menção de conhecer-me e eu cumprimentei à todos com acenos, discretamente. Porém, o Zé Luiz teve o impulso de apertar a mão de todos e nessa circunstância, dirigiu-se também ao sofá, e apertou a mão do Clodovil. Um certo constrangimento deve ter pairado no ar, pois o Rodrigo acabou a ter o mesmo impulso e fez o mesmo a seguir.
Feito isso, nós saímos rapidamente e depois que deixamos o estúdio, já na rua, conversávamos sobre as impressões de cada um sobre o mesmo, quando nos demos conta de que o Zé Luiz não havia percebido que o homem do sofá era o Clodovil! 

Foi quando o Rodrigo falou: -"Zé, não é possível! Você não percebeu que cumprimentou o Clodovil?" 

Então, Dinola respondeu-lhe: -"não, nem o reconheci... mas bem que eu percebi que era uma "bichona" deitada no sofá, e depois que apertei a mão dele, notei que era mole, igual de mulher'... 

E lhe garanto amigo leitor, essa distração do Zé era bem famosa. No tempo d'A Chave do Sol, aconteceu algumas vezes confusões dessa monta, e no capítulo adequado, eu tenho uma outra confusão ótima dele, a envolver uma figura famosa do BR-Rock 80's, e que ocorreu em 1986.Devidamente relatada no seu capítulo adequado.

Continua...  

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