domingo, 22 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 29 - Por Luiz Domingues

E após assistirmos os shows do grupo norte-americano, Van Halen, voltamos à nossa dura realidade. Show no Água Benta Bar, dia 27 de janeiro de 1983. Mas a despeito das condições nada glamorosas do nosso show em relação ao que vimos no Van Halen (sem contar com as cinquenta pessoas presentes, em detrimento das doze mil do Ginásio do Ibirapuera), tivemos uma grande notícia. 

Um dos diretores de uma badalada casa noturna, foi nos ver a tocar, e daí surgiu o convite para fecharmos um pacote com shows mediante cachê fixo, e com o direito a dividirmos o palco com o famoso Tutti-Frutti, e mais o Fickle Pickle, e eventuais shows das bandas que borbulhavam no panorama do BR-Rock 80's mainstream, que estavam a acontecer toda a semana naquela casa. Ficamos eufóricos, pois seria um tremendo salto de qualidade, e uma oportunidade de ouro que não poderíamos desperdiçar. 

Essa casa foi o Victoria Pub, localizada na Alameda Lorena, em Cerqueira Cesar, bairro nobre da zona sul de São Paulo. Tal casa noturna continha uma decoração incrível, fielmente copiada de pubs de Londres, e mostrava-se também como um labirinto intrincado por passagens secretas, saletas, câmaras reservadas, dois palcos e dois bares. O público habitue, era formado em sua esmagadora maioria por jovens milionários e esnobes em geral. 

Apesar de não ser o público dos nossos sonhos, tocar no Victoria Pub não era para qualquer banda, e assim, ficamos eufóricos com a oportunidade. Logo no dia seguinte ao convite, fomos ao Victoria para assinarmos o contrato. O cachê oferecido foi excelente por se considerar o fato de que estávamos acostumados a ganhar cachês modestos, oriundos do resultado incerto de bilheterias. 

E por ocasião dessa reunião do contrato, o gerente da casa forneceu-nos o regulamento da casa, horário de entrada para a passagem de som, horário de show e advertiu-nos sobre o cuidado em não falar "palavrões" ao microfone, além de pedir-nos para que nos trajássemos de uma forma "o menos riponga (escrito dessa forma, pejorativamente) possível"... ainda bem que não pediu para cortarmos os nossos cabelos. 

O repertório tinha que conter alguns covers conhecidos, e não só música autoral, mas também falou-nos sobre excessos no volume. Independente dessas restrições, estávamos muito felizes pelo salto que estávamos a dar na trajetória tão recente da nossa banda.

Continua... 

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