Com esse clima decadente, seguiu-se as últimas apresentações. Tocamos no Casablanca em 26 de setembro de 1981, com um público apenas razoável, formado por cem pessoas. No dia seguinte, 27 de setembro de 1981, apenas quarenta pessoas assistiram-nos tocar no Beatles 4 Ever. Depois disso, na semana seguinte, voltamos ao Beatles 4 Ever, no dia 2 de outubro de 1981, perante um desanimador público de apenas vinte pessoas. E finalmente no dia 3 de outubro de 1981, fizemos a última apresentação, nessa mesma casa noturna, com apenas sessenta pessoas presentes.
Alguns dias depois, realizamos uma reunião, e ficou decidido o final das atividades da banda. O Cido já estava estava envolvido com a cantora, Eliete Negreiros, novamente, e não demonstrou grande sentimento de perda, portanto. Wilson estava empenhado em estudar com afinco. Havia matriculado-se recentemente no "Clam", a escola de música do Zimbo Trio, muito famosa em São Paulo, desde a metade dos anos setenta, e só falava em progredir como guitarrista, para adentrar o mundo do Jazz. Paulo Eugênio queria reformular a banda, como sempre, e tentar prosseguir a atuar pela noite, mas persuadido pelo Aru Junior, e reforçado pela minha opinião, investiu em uma outra direção, conforme relatarei a seguir.
Foi o seguinte : O Aru propôs iniciarmos uma experiência em tornar o Terra no Asfalto, uma banda autoral. Eu aceitei na hora, é claro e o Paulo Eugênio, também, mas acredito que sem nenhuma convicção. Talvez na mente dele, fosse uma estratégia para manter o núcleo da banda vivo, e daí poder articular uma volta posterior, nos moldes da antiga atuação com os covers. E assim, ao convidarmos o baterista, Luis "Bola" que tivera passagem pelo Terra no Asfalto na metade de 1980, iniciamos um período com ensaios a visar criar um material autoral. O Luis Bola era proprietário de um pequeno salão que estava vazio, e anunciado para ser alugado, próximo à sua nova residência, no bairro do Planalto Paulista, zona sul de São Paulo, onde estava a habitar há pouco tempo, desde que deixara o seu sobradinho de Pinheiros. Então, montamos o equipamento no salão vazio, e passamos a fazer ensaios regulares entre outubro e meados de dezembro de 1981, com a seguinte formação : Paulo Eugênio; Aru Junior; Luis Bola, e eu, Luiz Domingues, no baixo. Os ensaios eram muito improdutivos, pois com pouco traquejo para a música autoral, a banda, apesar de ser formada por bons músicos, não apresentou química alguma. Tratara-se de um amontoado de pessoas bem intencionadas, mas sem amálgama alguma, infelizmente.
Atribuo esse fracasso artístico à falta de química sob uma primeira instância, mas também ao fato em estarmos viciados no esquema da reprodução mecânica dos covers. Lembro-me que nesses quarenta e poucos dias em que insistimos nessa empreitada, ficamos a oscilar entre duas ideias que o Aru Junior trouxe-nos. Uma dessas canções, nem conseguiu ganhar um contorno visível, mas a outra, chegou a ter arranjo; letra e melodia definida. Chamava-se : "Irlandesa" e contava a história de uma garota dessa nacionalidade etc e tal.
Lembro-me que era uma boa canção, com toques Prog-Rock a mesclar-se ao Pop. Mas chegou um dia em que o Luis Bola tomou a iniciativa, e disse que aquilo não estava a dar certo, e que estávamos a perder tempo. O Paulo Eugênio rapidamente aceitou, ao demonstrar que estava aliviado com a decisão, e que o negócio dele seria mesmo o mundo dos covers. E o Aru Junior ficou desapontado, mas não teve como lutar contra tal decisão e no fim das contas, ele mesmo admitiu que não estava a lograr êxito. Assim terminou o ano de 1981, com a frustradíssima tentativa para tornar o Terra no Asfalto, uma banda autoral, e sem mais chance para tentar prosseguir como uma banda cover. Contudo, ainda haveria um capítulo a ser escrito por essa banda, no ano de 1982.
Continua...
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