quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 26 - Por Luiz Domingues

Eufóricos com esse momento bom em que vivíamos, no dia seguinte ao nosso show do Bar Água Benta, em 20 de janeiro de 1983, tivemos um compromisso Rocker para os dias 21 e 22 de janeiro: desembarcara em São Paulo, o Van Halen, banda Hard-Rock daquele momento oitentista, e que de certa forma navegava contra a maré do Pós-Punk/New Wave que reinava naquele início de década. 

Na verdade, foram três shows, mas eu menciono dois, pois foram os que eu vi. Só o Rubens (entre nós da nossa banda), compareceu ao três dias dessas apresentações. 

Quando entramos no Ginásio do Ibirapuera, vimos um imenso tecido preto como cenário e uma bateria Ludwig, de cor marrom, postada no centro do palco. Havia um amplificador Duovox em cada canto do palco, e ficamos estupefatos. Será que o Van Halen usaria um palco tão simples e com amplificadores brasileiros da década de setenta? 

Foi quando aproximamo-nos mais do palco, que o Rubens matou a charada: era a bateria do Rolando Castello Júnior, da Patrulha do Espaço. Como assim? Não estava prevista nenhuma banda de abertura, anteriormente!

Quando as luzes de serviço do ginásio apagaram-se, vimos a entrada dos três músicos a aprontarem-se, e aos primeiros arpejos de guitarra de "Columbia", com o Dudu Chermont a tocar a sua Fender Stratocaster, confirmamos ser mesmo a Patrulha do Espaço. 

Garanto que muita gente, para não dizer a maioria, demorou para notar ser a Patrulha do Espaço no palco, e não o Van Halen. 

 Foi um show muito digno de abertura. Eles tocaram a base do seu show da época, concentrado no seu recém-lançadodisco "branco" (denominado: "Patrulha"), e o Júnior fez até um belo solo de bateria, muito aplaudido. 

Quando a Patrulha do Espaço encerrou o seu espetáculo, um exército de roadies tomou conta do palco, a tirar o equipamento da atração nacional em segundos, como se fosse um ataque de piranhas no rio. A eficiência de uma equipe de roadies norte-americana, foi impressionante. Ficamos a observar a movimentação atentamente.

Então, o tecido preto foi içado e ficamos boquiabertos com o palco do Van Halen, imenso, ricamente ornado por uma montanha de amplificadores. Somente para o guitarrista, Eddie Van Halen, haviam doze cabeçotes Marshall, com vinte e quatro caixas acopladas. Mas na realidade, ele deve ter usado de fato, três no máximo, pois tal montante trata-se de uma potência absurda, a se provar ensurdecedora!
Continua... 

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