quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Autobiografia na Música - Terra no Asfalto - Capítulo 64 - Por Luiz Domingues

Paulo Eugênio Lima:

Na primeira foto, eis a persona de Paulo Eugênio Lima a atuar com o Terra no Asfalto em março de 1981. Acervo e cortesia: Cido Trindade. Click: desconhecido. Na segunda foto, eis uma Brasília preta bem parecida com a do Paulo Eugênio. Considero tal carro emblemático na história dessa banda, ao ponto de sempre que venho a pensar nesse carro, despertar-me lembranças desse trabalho e dos companheiros que nele militaram comigo
 
Depois que fizemos a reunião final de acerto das contas sobre o espólio do equipamento, em 1983, nunca mais eu tive contato algum com o Paulo Eugênio Lima. Em visita que fiz à casa do guitarrista Aru, tive enfim uma péssima notícia ao seu respeito.
 
Fui informado que ele faleceu há cerca de cinco ou seis anos atrás (sob a perspectiva de 2016, deve ter sido em 2009 ou 2010, o Aru também não sabia essa informação com precisão). Segundo ele disse-me, o Paulo Eugênio faleceu em uma mesa de cirurgia de hospital. Não sabemos se foi em decorrência de uma doença, ou se sofreu um acidente, ou mesmo se ainda fora vítima de alguma violência urbana, enfim. 
 
Paulo Eugênio Lima era um bom cantor, sem dúvida. Mesmo sem instrução teórica, ele tinha noções boas de afinação, pulso, ritmo, andamento, emissão, respiração, enfim, o be-a-bá do vocalista profissional. 
 
Era também um bom percussionista, muitas vezes a ajudar-nos com as suas intervenções rítmicas, e assim trazer balanço à banda. Tinha boa dicção e cantava bem em inglês, com pronúncia bastante aceitável. 
 
A sua performance de palco era boa, com desinibição e comunicava-se bem com o público, muito respaldado por ter sido guia de excursões à Disney World. Ele sabia conduzir o público e tinha um carisma inegável. 
 
Lamento muito que já tenha partido, por considerar que era pouca coisa mais velho do que eu, e hoje talvez estivesse na casa dos cinquenta e poucos anos, de onde concluo que faleceu muito jovem. 
 
O Paulo foi uma personalidade aglutinadora para a banda. Sempre foi o dínamo nesse sentido, ao tomar a dianteira para promover as reformulações necessárias na parte interna da banda, além de ser o “business man”, pois todos os contatos de nossas apresentações, foram fruto de seus esforços, não como empresário, eu diria, mas como relações públicas, sem dúvida, pois ele tinha esse dom natural em sua personalidade, por envolver-se com as pessoas, mediante o seu forte poder de persuasão. 
 
A "Brasília preta" que ele possuía, foi emblemática, pois representou o "Pauloeugêniomovel" oficial e assim, é praticamente um símbolo do Terra no Asfalto, naqueles três anos em que convivemos e trabalhamos pelos bares de São Paulo. Que esteja bem lá no céu, a cantar com o Mu e o Gereba, talvez em uma nova fase da banda, agora chamada: “Céu no Asfalto”

Depois que fizemos a reunião final de acerto das contas do equipamento por volta de março de 1983, nunca mais tive contato algum com o Paulo Eugênio. Em visita que fiz à casa do guitarrista Aru Junior, em maio de 2012, tive uma péssima notícia a respeito dele. Fui informado que ele falecera há cerca de quatro ou cinco anos atrás (ou seja, que o leitor considere 2007, ou 2008, e o Aru também não soube essa informação com precisão). Segundo ele disse-me, o Paulo Eugênio faleceu em uma mesa de cirurgia de hospital. Não sabemos se foi em decorrência de uma doença; ou se sofrera um acidente, ou mesmo se ainda fora vítima de algum tipo de violência urbana, enfim. 

O Paulo Eugênio era um bom cantor, sem dúvida. Mesmo sem instrução teórica, ele tinha noções boas de afinação; pulso; ritmo; andamento; emissão; respiração, enfim, o be-a-bá do vocalista. Era também um bom percussionista, muitas vezes ao auxiliar com suas intervenções rítmicas, a trazer balanço à banda. Tinha boa dicção, e cantava bem em inglês, com pronúncia aceitável. Sua performance de palco era boa, com desinibição, e comunicava-se bem com o público, muito respaldado por ter sido guia de excursões à Disney World. Ele sabia conduzir o público, e tinha um carisma interessante. Lamento muito que já tenha partido, ao considerar que era pouca coisa mais velho do que eu, e hoje (2012, quando escrevi este trecho), talvez estivesse na casa dos "cinquenta e poucos anos", de onde concluo que faleceu muito jovem. 

O Paulo foi uma personalidade aglutinadora para a banda. Sempre foi o dínamo nesse sentido, ao tomar a dianteira para reformulações necessárias na parte interna da banda, além de ser o business man, pois todos os contatos para as apresentações, foram fruto de seus esforços, não como empresário, eu diria, mas como relações públicas, sem dúvida. A Brasília preta da primeira foto, é emblemática, pois foi o "Pauloeugêniomovel" oficial, e é praticamente um símbolo do Terra no Asfalto, naqueles três anos em que convivemos, e trabalhamos pelos bares de São Paulo.

Aru Júnior ou Aru:

          O grande guitarrista, Aru Junior, em foto bem mais atual

Em maio de 2012, fui visitar o Aru Junior em sua residência, onde passamos horas a falar sobre as nossas lembranças do Terra no Asfalto. Muitas informações novas foram-me passadas desde essa visita e ajudaram-me a encerrar esse capítulo do Terra no Asfalto, com maior riqueza de detalhes. 
 
O Aru Junior foi o membro dessa banda, em que tive mais contato depois do final da banda. Lembro-me em 1988, quando convidou-me a conhecer a sua casa na ocasião, onde ele mantinha um estúdio de ensaios. Nessa época, ele estava casado com uma cantora chamada: Dadá Cyrino, que também fora apresentadora da TV Cultura de São Paulo, onde chegou a apresentar A Chave, na fase "sem Sol" (conto essa história no capítulo adequado). 
 
Ele cogitava nessa ocasião, montar uma banda autoral e chegou a convidar-me para conhecer o trabalho, mas eu estava com A Chave e não pude comprometer-me na ocasião. A sua esposa na época, estava para lançar-se no mercado fonográfico hispânico, com um repertório Pop latino e talvez sobrasse oportunidade para ser side-man em sua banda de apoio. 
 
Mas não frutificou tal proposta, apesar do casal ter ido assistir um show d'A Chave, no Black Jack Bar nesse ano, 1988. Anos depois, o Aru Junior apareceu em um show da Patrulha do Espaço, no Centro Cultural São Paulo (em 2000, para ser preciso). 
 
Ele conhecia o Rolando Castello Júnior desde os anos setenta, pelo fato do Júnior ter namorado a sua irmã, Ruth. Em retribuição, eu fui assistir a apresentação da banda: “Yessongs”, cover do "Yes", no Café Piu-Piu do bairro do Bexiga, dias depois. Fiquei contente por vê-lo a tocar e cantar em grande estilo, o repertório complexo do Yes e com perfeição, ainda mais ao contar com o excelente baixista, Gerson Tatini (Ex-Moto Perpétuo), na formação e sem dúvida, este músico é o maior especialista em executar as linhas do Chris Squire, no Brasil. 
 
Em 2011, quando eu comecei a tocar com o Kim Kehl e Os Kurandeiros, o baterista, Carlinhos Machado contou-me sobre a entrada do Aru na banda de apoio do ex-Secos & Molhados, Gerson Conrad, onde ele foi baterista por muitos anos. 
 
Fiquei muito contente por saber dele, quando decorrente desse contato, rapidamente adicionamo-nos no Facebook, e agora o contato está sacramentado, pois além do mais, moramos no mesmo bairro.
Bem parecida com essa, assim era a Gibson SG do Aru Junior, que tantos solos sob alto padrão produziu para o Terra no Asfalto 

E outras duas curiosidades que ele contou-me na tarde de 2 de maio de 2012: a primeira, foi relatada quando eu falei sobre o Fernando Mu, nestas considerações finais. 
 
A segunda, diz respeito à própria família dele, Aru Junior, e surpreendeu-me, pelo caráter inusitado da coincidência, ao melhor estilo "mundo pequeno". 
 
Pois no capítulo: "Trabalhos Avulsos" da minha autobiografia, eu relatei a formação de um trio instrumental onde atuariam eu, Cido Trindade e o cunhado dele, Aru, um rapaz chamado: Luis, um guitarrista com estilo bastante jazzístico. 
 
Pois bem, quando perguntei dele (o cunhado, Luis), fui informado que a sua segunda filha, sobrinha do Aru, era estrela no mundo do Indie Rock internacional... como assim? Pois tal sobrinha do Aru chama-se: Luiza e foi guitarrista da banda indie: "Cansei de Ser Sexy". Inacreditável mundo pequeno! Quando o Terra no Asfalto estava na ativa, lembro-me do nascimento da primeira filha do casal, Luis & Ruth, chamada: Diana. A Luiza nasceu depois, cresceu, tornou-se guitarrista, e fez turnês de cunho mundial com a sua banda, veja que curioso.
Na foto recortada acima, a persona de Aru Junior a tocar com o Terra no Asfalto em março de 1981. Acervo e cortesia: Cido Trindade. Click: desconhecido
 
Bem, para falar sobre o Aru, especificamente, tenho a dizer que trata-se de um músico com sólida formação teórica. É multi-instrumentista, pois toca bem piano e estudou violoncelo em uma universidade norte-americana. 
 
Como guitarrista, ele é excepcional e o seu estilo transita entre Steve Howe e Jimmy Page em doses maciças e com pitadas generosas de George Harrison nessa receita. Bom vocalista e com talento como arranjador, quando entrou na banda, tornou-a segura, toda arrumadinha tal como uma orquestra. 
 
Se por um lado perdemos o ímpeto dos primeiros tempos com a espontaneidade do Gereba e a rebeldia Rocker do Mu, com o Aru, transformamo-nos em uma orquestra bem ensaiada e muito segura.
 
Aprendi muita coisa com ele, que era bem mais experiente. Mas uma lição que eu aprendi com ele e reputo ter mudado a minha vida, nem tem a ver com teoria musical e diz respeito à mise-en-scène: ele insistia para que todos os músicos da banda fizéssemos movimentos com o instrumento, pois segundo dizia: -"o público leigo não entende de música em sua maioria. O sujeito do público olha e não sabe discernir se você toca bem ou mal. Mas se você agitar-se freneticamente, o convencerá que você é ótimo". 
 
Nunca mais esqueci-me dessa dica, e a partir do nascimento d'A Chave do Sol, adotei uma performance de palco a mais frenética possível, impressionado com essa orientação. Com isso, eu despertei a atenção de fãs e jornalistas, o que gerou uma aura sobre a minha carreira, ao superestimarem-me como músico. Muito do que construí na minha carreira, foi graças a essa postura cênica adotada e decorrência da valiosa dica do Aru Junior.
 
E sou-lhe eternamente grato por ter tido o cuidado em escolher a dedo um baixo com extrema qualidade, na América do Norte, que acompanha-me até hoje, gravou todos os discos da minha carreira e aparece em dúzias de vídeos e fotos das bandas onde atuei. Realmente foi uma escolha preciosa, pois esse baixo é mesmo demais como instrumento e foi o meu primeiro baixo com alto nível que tive, após anos a tocar em instrumentos de segunda e terceira linha. 
 
Esse é Aru Junior, um verdadeiro maestro, com uma vivência enorme na música, além do talento e alta capacidade técnica. Vá assisti-lo nos shows do Gerson Conrad, onde é seu guitarrista, e comprove!
 
Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário