quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Autobiografia na Música - Boca do Céu / Bourréebach - Capítulo 45 - Por Luiz Domingues



De volta desses dias no litoral, concentramo-nos nos ensaios. Queríamos causar uma impressão melhor, também no equipamento, e dessa forma, saímos à cata de aparelhagem emprestada.

O Laert ousou, e do próprio bolso, alugou um órgão. A ideia seria alugar um órgão Hammond, devidamente munido de uma caixa Leslie, mas diante do exorbitante valor cobrado, foi com "Gambit" mesmo, um órgão limitado, para uso doméstico e amador, geralmente visto em igrejas evangélicas. Preocupante foi o sumiço do Wilton, que não compareceu aos ensaios, e deixou-nos bastante apreensivos. Quando chegou o grande dia, ficamos bem chateados, pois ele realmente não compareceu. Uma perda irreparável, mas convenhamos, éramos todos muito jovens, e o grau de comprometimento variava conforme a vontade e expectativa de cada um, naturalmente. O show aconteceu no dia 11 de fevereiro de 1978, no mesmo local do espetáculo realizado no ano anterior, e foi marcado por contrastes. O primeiro ponto, foi a questão da ascensão nossa como conjunto e individualmente. Todos haviam evoluído em um ano, com exceção do Fran Sérpico, que relutava para fazer aulas, e pouco avançara, como baterista. O segundo ponto foi a óbvia melhoria na qualidade das músicas novas, que naturalmente acompanhavam a evolução técnica da maioria. E o terceiro e muito negativo, foi a falta do Wilton nessa apresentação, pela questão da sua ausência injustificada e pelo desfalque, pois com ele na banda, o som encorpava e sem a sua participação, apesar da evolução do Osvaldo, e a minha, fora o Laert a tocar teclados, esvaziava-se.

O show foi encurtado, pois ao tocarmos ao ar livre, fomos atrapalhados por uma chuva súbita de verão. Dessa maneira, eis que foi providencial, pois estávamos chateados a tocar sem o Wilton, mais pela sua falta injustificável, que desapontou-nos. Com tempo chuvoso, a festa também ficou aquém do ano interior, pois apenas vinte e cinco convidados compareceram. Lamento muito não haver filmagem, tampouco fotos.  O Laert lastimou demais ter que devolver o órgão, e a pagar o aluguel e o transporte, tendo tocado pouquíssimas músicas, devido à chuva. Foi um prenúncio sombrio dos tempos difíceis que a banda enfrentaria em 1978...



Continua...

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