sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 37 - Por Luiz Domingues


Não tocamos mal, mas estávamos nervosos, é claro. Pois além do nervosismo normal pela grandiosidade do Festival, em comparação à nossa insípida condição como banda iniciante, havia toda essa hostilidade. 
Sabíamos que a hostilidade era para com todos os concorrentes, sendo uma praxe, mas foi o tal negócio : como reagiria qualquer retardado daqueles que xingavam e arremessavam objetos, se tivesse que subir ao palco e tocar ? É fácil ficar lá embaixo a xingar...
Páginas internas do programa impresso do Festival Fico, em sua sexta edição de 1977 e com fotos reais da plateia que enfrentamos na primeira eliminatória
 
E outro fator, se tivéssemos tocado qualquer outra música mais movimentada do nosso repertório, teria sido mais fácil. Mas "Diva", era uma música introspectiva, difícil para ser tocada sob uma circunstância daquelas. Ao final, fomos desclassificados, resignamo-nos com a questão da hostilidade, e apesar de tudo, estávamos contentes, pois tocáramos em um palco com P.A. e luz de alto padrão, perante um público imenso para os nossos recursos como banda iniciante, e a TV Bandeirantes filmou tudo, ao exibir tal material, uma semana depois. E como curiosidade, lembro-me em passarmos pelos "Originais do Samba" um pouco antes deles subir ao palco para o seu show e o Mussum (ele mesmo, o "Trapalhão", que era componente da banda, também), brincar conosco, ao dizer alguma coisa como : -"hei rockeiros, paz e amor" ou algum clichê do gênero. Não ficamos tristes, com a nossa desclassificação, como já disse, pois ainda participaríamos da segunda eliminatória, para defender uma outra música, chamada : "O Mundo de Hoje".


Continua...

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