domingo, 6 de janeiro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 15 - Por Luiz Domingues


Inicio aqui a narrativa sobre a minha segunda passagem pelo Língua de Trapo. 



Em setembro de 1983, eu estava feliz da vida com as perspectivas boas na carreira da Chave do Sol, mas financeiramente quebrado. Se por um lado a banda alavancava-se graças às aparições no programa "A Fábrica do Som” (da TV Cultura de São Paulo e retransmitido em outros estados pelas suas respectivas TV's Educativas), isso ainda não estava a repercutir em shows e cachets. Como não fazia mais trabalhos paralelos com outros artistas, e também não ministrava aulas, precisava ganhar dinheiro. E foi em um show da Chave do Sol, realizado em um bar em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, que tive uma surpresa muito agradável e que proporcionar-me-ia uma grande oportunidade para sair desse sufoco, mas ao mesmo tempo, a colocar-me sob uma situação difícil. Eu chegava ao bar, quando vi uma multidão formada na porta. O fato é que havíamos apresentado-nos pela segunda vez no programa "A Fábrica do Som", que tinha maciça audiência e lá divulgamos essa data nesse bar, alguns dias depois.



Eu senti um grande calafrio na espinha quando ainda no carro do Rubens, avistei ao virarmos a esquina da Rua Maria Carolina, essa multidão aglomerada na porta da casa noturna. Falo sobre esse show no capítulo sobre a Chave do Sol, na sua devida cronologia. Mas vi também um pouco afastados dessas pessoas, dois velhos amigos, que esperavam-me: Laert Sarrumor e Pituco Freitas.
Pituco Freitas em foto bem mais atual no Japão, onde vive e segue sua carreira artística 
    
Não suspeitei de nenhuma intenção a não ser a de cumprimentar-me, mas eles abordaram-me e foram direto ao assunto: o baixista Luiz Lucas, havia deixado a banda após desentendimentos com os demais e a vaga estava aberta de novo. Foi um convite formal de ambos para eu reassumir minha vaga que eu deixara, curiosamente em 1981, para o próprio Luiz Lucas assumir o meu lugar.

Foto promocional do Língua de Trapo, um pouco antes da saída do baixista Luiz Lucas, quando deu-me a oportunidade para eu voltar à banda, ao final de 1983. O Luiz é o primeiro da direita para a esquerda, a usar óculos.
  

Fiquei honrado com a lembrança deles e muito contente com a perspectiva, pois o Língua de Trapo transformara-se naquele momento, em uma banda estruturada profissionalmente, com possibilidade para oferecer-me uma renda segura e muito boa, fora a projeção na mídia. Mas fiquei também dividido, pois A Chave do Sol, embora estivesse kms abaixo desse patamar...


Continua...

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