segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 207 - Por Luiz Domingues


O show a ser realizado no Sesc Pompeia prometeu em todos os sentidos. Por ser um teatro bem estruturado e badalado da cidade, só pelo status em estar ali inserido, já seria um tremendo dividendo para nós. Em nosso caso, em específico, tínhamos uma familiaridade com aquele teatro, por termos participado de seis edições (somente cinco foram ao ar), do programa : "A Fábrica do Som", da TV Cultura de São Paulo, cujas gravações foram realizadas naquele palco. Além do Viper, haveria também a participação do Excalibur. Para nós seria um prazer dividir a noite com ambos os grupos, pois os seus componentes eram nossos amigos. Sobre o Excalibur, já falei anteriormente. Apesar de ter um som pesado, calcado no Heavy-Metal e oitentista em voga, tal banda mantinha a proximidade com a poesia "maldita" de autores da literatura francesa do século XIX, e isso dava-lhe um certo "quê" sessentista, via The Doors, obviamente, fruto da erudição surpreendente do seu vocalista, Beto. Sobre o Viper, recuo um pouco na cronologia para contar como conheci seus componentes.

Foi em uma edição do evento : "Praça do Rock", em1984, realizado no bucólico Parque da Aclimação, que eu compareci em determinada ocasião para assistir e prestigiar, mas não participar. 


Lembro-me por ter estado próximo à concha acústica / palco, e fora durante um intervalo entre uma banda e outra. Ocorreu que nesse momento, fui abordado por cinco adolescentes imberbes e cabeludos, que afirmaram ser fãs do trabalho d'A Chave do Sol, que conheciam através das nossas já citadas aparições no programa "A Fábrica do Som", e também por aparições no "Realce", o anárquico programa apresentado pelo argentino, Mister Sam, na TV Gazeta. Esses garotos mostraram-se extremamente simpáticos e de imediato cativaram-me pela sua humildade; entusiasmo juvenil, paixão pelo Rock etc. Claro, falaram-me sobre a sua banda com bastante entusiasmo e convidaram-me a assisti-los, oportunamente. 

E de fato em um uma chance que surgiu logo a seguir, eu fui mesmo vê-los em ação, em um show bem produzido por eles mesmos, realizado no belo teatro interno do Colégio Rio Branco. Não lembro-me ao certo, mas acho que pelo menos três deles estudavam naquele colégio, localizado no bairro de Higienópolis, na zona oeste de São Paulo. Nesse específico show eu que assisti, ao final de 1984, lembro-me que o público lotou o auditório, e ainda que a maioria da audiência fosse formada por alunos e colegas deles, o importante foi que eles conseguiram lotar o espaço e o show deles foi muito bom, dentro da proposta sonora que adotavam e ao considerar-se serem garotos na faixa dos quatorze anos de idade, na ocasião. No entanto, em dado instante de sua performance, um efeito pirotécnico que utilizaram, gerou um princípio de incêndio, por acidente, é claro. Fora um momento do show em que o vocalista aparecera com uma bandeira do Estado de São Paulo em uma das mãos e na outra, a segurar uma tocha acesa. Na empolgação, ao agitar ambas, a bandeira incendiou-se e um pedaço dela tocou na cortina cenotécnica, mas felizmente os funcionários do Teatro foram ágeis, e erradicaram as chamas bem rapidamente. 

Bem, depois disso, os assisti em outras oportunidades e tornei-me amigo e entusiasta de seu trabalho, mais pela empolgação com o qual demonstravam por seu trabalho, do que exatamente pelo som, pois definitivamente, o Heavy-Metal é uma vertente que nunca agradou-me, e o som deles era muito calcado no Metal oitentista, via Iron Maiden. Independente dessa questão estética, é claro que seria um prazer tê-los a dividir um show juntamente com A Chave do Sol, naquele palco do Sesc Pompeia.


Continua... 

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