terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 221 - Por Luiz Domingues


Nessa fase, também fizemos bastante programas de rádio para divulgar o novo disco, e os shows de lançamento, que aproximavam-se. No dia 1° de setembro de 1985, eu, Luiz Domingues e Rubens Gióia, fomos à emissora, 97 FM, de Santo André / SP, e falamos bastante sobre o novo disco, e os shows que aproximavam-se. Claro, falamos também do show intermediário que faríamos no mesmo Teatro Lira Paulistana, dentro do projeto "Pátria Amada, Pátria Irada", uma realização do produtor musical, Antonio Celso Barbieri. Nesse programa, apresentado pelo locutor, Beto Peninha, o enfoque de seu público era o Heavy-Metal, e daí, sugerimos a execução das músicas : "Ufos"; "Segredos", e "Um Minuto Além" revezou-se com "Anjo Rebelde", como "BG", ou seja, foram músicas de fundo, enquanto éramos entrevistados. No dia 6, fomos novamente à Rádio Cultura AM, onde o simpático, e então desconhecido, Serginho Groismann, novamente recebeu-nos com muita simpatia para um bom papo. 

Essa entrevista em específico, eu ainda tenho preservada em uma fita K7. Penso em digitalizá-la e a disponibilizá-la no You Tube, assim que possível. No dia 7, tivemos agendadas duas entrevistas em dois programas em uma mesma estação, a USP FM, que foram muito positivos para a banda, entretanto, uma delas teve um significado simbólico para a minha pessoa, em especial. 

Participamos inicialmente da "Rádio Matraca", programa conduzido pelo Laert Sarrumor, e portanto, foi importante em termos pessoais, como se fosse uma oportunidade para amenizar qualquer resquício de ressentimento que pudesse ainda haver entre eu e o Laert, por conta de eu ter deixado o Língua de Trapo, um ano e dois meses antes, para dedicar-me à Chave do Sol. Mais simbólico do que isso, seria impossível, pois estávamos ali, eu e Rubens, a falar sobre o novo disco d'A Chave do Sol, shows etc. Nesse dia, fiquei mais uma vez muito impressionado com o conhecimento mastodôntico que o jornalista / músico e radialista, Ayrton Mugnaini Junior, demonstrou possuir. Não que eu não soubesse disso, desde 1980, quando o conheci, mas naquela tarde nos estúdios da USP FM, ele estava a produzir um bloco sobre jingles de uma famosa indústria fabricante de geladeiras e máquinas de lavar roupas. 
Em suas mãos, ele detinha cerca de cinquenta compactos simples, a conter jingles dessa empresa e de seus produtos, e tal material era proveniente de sua coleção particular... isso era infernal ! Ayrton sabia tudo sobre Rock; MPB; Jazz; Blues; Folk; erudita; Black Music... e até sobre jingles publicitários o seu conhecimento enciclopédico alcançava com absoluta precisão ?

Terminada a nossa participação na Rádio Matraca, fomos à outro estúdio, nas mesmas instalações dentro do campus da USP, e gravamos participação no programa : "Sinergia", uma produção do jornalista, Valdir Montanari. 


Esse foi um raro programa na rádio paulista e brasileira, que em plena metade da década de oitenta, propusera-se a tocar e falar sobre Rock Progressivo setentista, um verdadeiro disparate, digno de ser um alvo fácil para os xiitas que pululavam naquela década. Porém, o Valdir era um abnegado, e além de manter nas bancas, as revistas Rock Star e Rock Show, tinha esse programa de rádio, e acabara de lançar um livro sobre Rock Progressivo. E na sua visão, ele enxergava elementos progressivos no som d'A Chave do Sol, embora particularmente eu achasse isso um pouco vago. Se houve algo Prog em nossa música, isso teria sido muito sutil, pois embora eu amasse (amo) o Prog Rock setentista, n'A Chave do Sol, o que predominara foi o Jazz-Rock, outra vertente setentista que aprecio, mas bem mais moderadamente. O Rubens também apreciava o Prog Rock setentista, mas a nossa história em comum em nossa banda galgou-se muito mais a ver com o Jazz-Rock, mesmo nesse momento de 1985, onde o peso oriundo das estéticas do Hard /  Heavy oitentista incorporou-se à nossa música. Bem, a entrevista foi proveitosa, e eu também a mantenho preservada através de uma fita K7, a espera de um provável lançamento no You Tube.

Voltamos, dias depois, ao "Matéria Prima" da Rádio Cultura AM, por conta de uma gentileza da parte do então radialista, Serginho Groismann, que convidou-nos para reforçarmos a divulgação dos shows de lançamento do EP. Isso aconteceu no dia 27 de setembro de 1985, com mais músicas executadas, e uma conversa. Já no dia 30 de setembro de 1985, estivemos novamente presentes no programa, "Balancê", da Rádio Excelsior / Globo, de São Paulo. Verdadeiros habitues daquele programa, eu e Rubens representamos a banda mais uma vez, dentro daquele prerrogativa para dublarmos uma música para entreter uma pequena plateia ali presente. 

Nesse dia, o apresentador, Fausto Silva, reforçou o convite para agilizarmos uma aparição no programa de TV , "Perdidos na Noite" que a mesma equipe do Balancê, produzia. Nessa altura, o programa já não estava mais alojado na grade da TV Gazeta, e desse ponto em diante estava a ser exibido pela TV Record, sob uma estrutura melhor de produção, mas ao manter a anarquia generalizada que o caracterizava esteticamente e o popularizara. Segundo ele, Fausto, nós deveríamos entregar o nosso material para a sua produtora, Lucimara Parisi, e como éramos velhos frequentadores do Balancê, ela escalar-nos-ia rapidamente. Claro que aceitamos a sua orientação e rapidamente mobilizamo-nos para tal tarefa, que foi realizada por eu mesmo, Luiz, em pessoa. Esta é uma história inacreditável, e há alguns capítulos atrás, eu cheguei a adiantar que o fato do novo álbum ter sido lançado em 45 rpm, trouxe-nos aborrecimentos, não é mesmo ? Pois é... essa é uma das histórias que vou contar, ou seja, mais uma que entrou para o rol de histórias tragicômicas da banda...

Mas antes disso, para não perder a cronologia, chegou o momento de falar sobre os shows de lançamento do EP...


Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário