sábado, 6 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 54 - Por Luiz Domingues


E na mesma edição desse fanzine, eu escrevi uma outra resenha. Desta feita foi para analisar o lançamento de uma banda mais moderna, daquela atualidade de 1994. 

Nessa segunda resenha, usei o pseudônimo de: "Tony Bauducco". Tal determinação de minha parte teve uma razão de ser. Com tal escolha de usar um pseudônimo, eu quis criar um personagem literário para interagir livremente, sem ater-me à amarras éticas que me inibissem para exprimir opiniões e, ao mesmo tempo, fazer uma homenagem a um produtor e músico (baixista, inclusive), que sempre admirei por sua atuação em discos de artistas como David Bowie; T.Rex, Gentle Giant e tantos outros com os quais interagiu. Tratou-se da persona de Tony Visconti, um sujeito que produziu e atuou a tocar baixo em discos históricos, principalmente nos anos setenta.

Portanto, ao usar a sonoridade do nome desse produtor britânico, mas de origem italiana, a brincar com um signo popular no Brasil, que é o fato desse nome ser marca de uma indústria de panificação, que produz um famoso panettone aqui no Brasil, eu brinquei com uma antítese, digamos...

Dessa forma, Visconti lembrou-me de seu concorrente no mercado brasileiro, o panettone Bauducco...

Nasceu aí, o "italianão"e crítico de Rock, Tony Bauducco, que também é fanático por trilhas sonoras de filmes e TV, sobretudo se forem trabalhos de Ennio Morricone, a revelar o seu bom gosto, digamos assim, sem falsa modéstia.



E o disco em questão, foi: "America Must Be Destroyed", de uma banda pesada chamada, "Gwar", que apesar de abusar das caracterizações exageradas, só fez um pequenino sucesso naquela época, e bem limitado aos Estados Unidos. Eis a transcrição do que escrevi:

"Um bando de alienígenas invasores chegou à Terra há milhares de anos, bem na Era Glacial, e agora que a camada de ozônio está sendo destruída, eles se descongelaram e retomaram o seu maquiavélico plano de dominar o nosso planeta. Fixaram-se em Richmond, estado de Virginia e depararam com um problema muito comum entre nós, terráqueos : tinham que trabalhar para sobreviver!

Sendo assim, encontraram apenas uma saída que lhes desse dinheiro sem que os terráqueos estranhassem a sua terrível aparência: formaram uma banda de Rock. Para facilitar, encontraram um terráqueo disposto e ajudá-los, se transformando em seu empresário e que secretamente é um traidor ambicioso que planeja usá-los para que ele consiga se tornar presidente dos Estados Unidos.

Parece roteiro de ficção científica classe "B", mas na verdade, trata-se da mais sensacional invenção do Rock performático, desde o Kiss. Isso é o "Gwar". No álbum: "America Must Be Destroyed", o Gwar apresenta o seu som contando essa hilariante história, como se fosse uma autêntica história em quadrinhos.

As influências são óbvias, pois embora na maior parte do tempo o Gwar tente soar com uma banda de Heavy-Metal beirando o Thrash-Metal, existem nítidas pitadas de Rock'n' Roll anos 70 em seu trabalho. Impossível fazer esse Rock-circense sem lembrar o Kiss; o magistral Alice Cooper (o "pai" do Rock-teatral), e até Frank Zappa, nos seus melhores dias de Mothers of Invention.

Como se não bastasse a ideia bem bolada, o nível dos músicos é muito bom, o que contribui para que a mensagem sarcástica desse projeto "acerte na mosca". Fazia tempo que não pintava no Rock, uma banda performática-teatral tão divertida".

Tony Bauducco

 

Bem, acho que exagerei bastante no meu entusiasmo, mais impressionado com as caracterizações alienígenas dos membros da banda e toda essa cascata Sci-Fi infanto-juvenil, pois a banda não era nada demais, aliás, era bem de menos...


Continua...

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