sábado, 6 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Sala de Aulas - Capítulo 51 - Por Luiz Domingues


Mais ou menos em março de 1994, a brincadeira ganhou força. Durante todos os dias, os alunos faziam uma verdadeira zorra nas minhas aulas, ao usar o telefone. Eles ligavam o dia inteiro e divertiam-se em revezar-se, e simular vozes diferentes para confundir as atendentes da Rádio 89 FM. O esforço dessa operação lúdica, resultou em semanas consecutivas de êxito, com a música, "Under the Light of the Moon", a alcançar um patamar de estar diariamente entre as mais pedidas do dia, e sempre a ganhar o direito a uma execução a mais no horário das mais pedidas.

E muitas vezes, a nossa música foi a campeã do dia, ao adquirir o direito de obter uma execução extra, como a canção "número um" do dia, e por ser a última música a ser tocada antes do famigerado programa obrigatório, "A Voz do Brasil", entrar no ar, tem um efeito psicológico ao ouvinte padrão, e isso é valioso para qualquer artista, conforme reza a cartilha radiofônica. 


Segundo os radialistas experientes, essa execução era a melhor possível no horário nobre do rádio, pois as pessoas tinham o costume automático de desligar o aparelho assim que a vinheta do maçante programa governamental entrava e dessa maneira, a última música executada ficava preservado na percepção do ouvinte.
 

E logo a "brincadeira" ganhou o contorno de uma grande mobilização, pois o Jason Machado, que organizou o fã-clube do Pitbulls on Crack, passou a fazer o mesmo com uma rede de amigos e familiares dele, e certamente esse acréscimo de pessoas reforçou o volume de telefonemas para a rádio. 

De volta a falar das aulas, ainda no início de 1994, eu havia tomado a decisão de não ministrar mais aulas aos sábados. 

Essa decisão fora motivada pelo fato de que eu estava muito cansado da rotina de ficar o sábado inteiro preso na sala, e mesmo ao abrir mão de ganhar mais dinheiro, pois em tese, o sábado era o dia mais rentável (com onze aulas seguidas, sem intervalo), o movimento da semana útil era o bastante para as minhas necessidades, e ao ficar com o sábado livre, eu poderia tocar na sexta e sábado, sem ficar como um "zumbi", no dia seguinte. 

Essa rotina do sábado massacrante consumia-me desde o início de minha atividade didática, em julho de 1987, e agora mais estabilizado, dei-me esse luxo, de abrir mão de meu melhor dia em termos monetários, em prol de uma maior comodidade.

Continua...
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário