segunda-feira, 8 de junho de 2015

Autobiografia na Música - Pitbulls on Crack - Capítulo 82 - Por Luiz Domingues

Mesmo diante de certos sinais de dubiedade, é claro que estávamos contentes por ver o aparato a materializar-se. E certamente que só a lata em si, já chamara bastante a atenção pelo seu porte. 

Quando acrescentávamos o invólucro impresso, todo concebido para imitar uma lata de sopas Campbell, a evocar a Art-Pop de Andy Warhol, ficou sensacional, sem dúvida. E para completar, ao gostar ou não de um ou outro item, o fato da lata ficar abarrotada de bugigangas, foi incrível pelo efeito da enorme profusão. Chegamos a brincar entre nós, que a lata continha tantos brindes, que inclusive havia ali inserido, um CD do Pitbulls on Crack...

Foi uma boa piada, obviamente, mas a ironia coube como uma luva para essa situação. 

Em um determinado dia, inclusive, o próprio, Victor Martins, contou-nos que seu sócio, Ivan Lins, estava boquiaberto com a ideia da lata e todo aquele monte de bugigangas, a preço zero, praticamente. Ele admirou-se com a quantidade de objetos disponibilizados como patrocínio, a gerar o custo mínimo para a gravadora, e ao mesmo tempo, vir a proporcionar assim, um produto visualmente muito atrativo ao consumidor final, que chamaria a atenção nos displays e prateleiras de lojas de discos.


Se pensarmos mercadologicamente, ainda vivíamos um tempo onde as pessoas compravam discos... e as lojas eram importantes nessa cadeia comercial, para qualquer artista. Entretanto, um outro fator entrou também para a contabilidade da gravadora: para minimizar ainda mais os custos, a gravadora propôs que a montagem das latas fosse caseira. Se montadas em fábrica, além da confusão que seria administrar tantos brindes dentro da lata, da parte de funcionários terceirizados, haveria por custar caro. 

Portanto, a gravadora propôs à banda que formaríamos turmas, mediante o apoio de familiares e amigos, a criar uma linha de produção de fábrica.

E para a sorte do Pitbulls on Crack, eu, Luiz, tinha em mãos o meu exército de Neo-Hippies da minha sala de aulas, sempre prontos a ajudar, e convenhamos, seria uma farra para os adolescentes! Durante muitos dias, formamos equipes que passaram a trabalhar voluntariamente para montar tais latas. Nunca foi nada linear, mas chegamos a reunir uma turma com mais de dez voluntários em um dia só, e foi muito divertido, apesar de cansativo.
Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário