sexta-feira, 12 de julho de 2013

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 2 - Por Luiz Domingues

Então, mais ou menos em julho de 1982, marcamos um ensaio nas dependências do Café Teatro Deixa Falar, sob um oferecimento da Dona Sabine, que era mãe da namorada do Rubens à época (Mônica Maya). Cabe aqui um parêntese, o Café Teatro Deixa Falar tratava-se de uma casa noturna localizada na Av. Santo Amaro, em São Paulo, no bairro do Itaim-Bibi, na zona sul.
Ali, anos antes, funcionara o badalado, "Be Bop A-Lula", uma das casas mais Rockers da cidade. Praticamente todas as bandas da cena setentista, tocaram ali. Nas páginas das Revistas,"Rock, a História e a Glória" e "Pop", foram publicadas muitas matérias a enfocar shows com bandas da época, incluso gente de fora do universo Rocker, como Alceu Valença. A Dona Sabine, fora a proprietária do Be Bop a Lula, e com sua decadência, no início dos anos 1980, transformou-o em um bar, mas sem o mesmo glamour de outrora. 
Em 1981, eu apresentei-me ali com minha banda cover, "Terra no Asfalto", inúmeras vezes, e daí surgiu a oportunidade para conhecermos o Rubens, via Dona Sabine. Como ela era antiquária (possuía um enorme antiquário localizado na Av. Brigadeiro Luiz Antonio, quase esquina com a Rua Tutóia, no bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo), costumava então decorar o bar com coisas muito exóticas extraídas de seu acervo da loja de antiguidades. E por ser enorme, o Café Teatro Deixa Falar possuía câmaras e ante-câmaras, labirínticas.
Entre tantos objetos exóticos, mantinha armaduras medievais; quadros com imagens de pessoas desconhecidas oriundas de séculos anteriores, e até uma múmia Inca. Isso mesmo, você não leu errado...  era mesmo uma múmia verdadeira, com aproximadamente mil e trezentos anos de idade. Na verdade, eram duas, pois dava para perceber que havia sido uma mãe que morreu ao tentar proteger o seu bebê. Aquelas duas múmias mostravam-se muito perturbadoras, e por isso, deixavam o clima do local, bem soturno, ainda mais se considerarmos que as paredes eram constituídas por simulações de formações rochosas, e a iluminação ambiente, provida por tochas, com fogo natural. 

Apesar dessa atmosfera fantasmagórica, o Deixa Falar foi uma casa que mesmo decadente, tinha boa infraestrutura de palco, e camarim, com iluminação de um teatro convencional, e essa atmosfera a assemelhar-se com um set de filme de terror. E para a minha percepção pessoal, havia a lembrança do Be Bop-A Lula, um ícone setentista, em minha imaginação.
Continua...

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