E antes que eu prossiga, preciso salientar que nem tive tempo para
dimensionar o que eu sentia ao estar no palco com meu velho amigo, Laert,
novamente, pois a adrenalina daquele dia foi enorme, por todos os motivos
que já expus. O que mostrou-se notória, fora a mudança radical que o Língua de Trapo havia tido em sua carreira. Quando eu saí da banda, no início de 1981,
a banda fazia pequenas apresentações, sem nenhuma estrutura, ou no máximo,
a participar como concorrente em festivais universitários de MPB. Agora, estava no palco do Tuca, inteiramente lotado, cheio de fãs do trabalho, jornalistas etc. Teve repercussão na mídia sobre o show etc. Foi uma diferença brutal, e sob um curto espaço de tempo.
Em relação à apreensão gerada, sim, claro que houve tensão. Tratou-se de uma situação que suscitou melindres
por todos os lados, e tudo a girar em torno de minha pessoa, infelizmente. Eu
precisava estar a atuar nas duas bandas, simultaneamente naquela época, e foi
claro que isso provocava indisposições entre todos. Tirante isso, realmente, havia boatos de que certos setores do governo não estavam contentes com a reinauguração do TUCA. E o Língua de
Trapo não despertava nenhuma simpatia desse pessoal que ocupava o poder.
Quando cheguei ao camarim do Tuca, estava
atrasado, e logo na estreia... claro que não brigaram diretamente comigo, mas deu
para sentir no ar a desaprovação geral. E nesse caso, eles tiveram razão,
assim como os companheiros da Chave do Sol, que também incomodaram-se com os
transtorno que causei-lhes, ao ter que pedir à direção do programa, "A
Fábrica do Som ", para A Chave do Sol apresentar-se antes, e assim sair
apressadamente do local da apresentação. Quanto ao trajeto, até que foi tranquilo, porque tratou-se de um feriado de 15 de novembro. A cidade estava vazia, e essa foi a minha sorte. Sinceramente, não lembro-me de quanto tempo demoramos para chegar.
Acredito que foi menos de meia hora, e o grande problema foi mesmo ter
saído atrasado do Circo Anhembi.
Continua...
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