domingo, 14 de julho de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 30 - Por Luiz Domingues

Nesses dias que precederam a estreia do novo show, datas do show antigo ainda foram cumpridas. Lembro-me de um final de semana do início de novembro, quando a banda foi à Belo Horizonte, para cumprir três shows na capital mineira. Eu não fui, pois seria perda de tempo e despesa extra para a produção, visto que ao contrário das duas semanas em que ficamos em Curitiba, eu não ensaiaria, pois não haveria tempo para isso em Belo Horizonte. Sendo assim, com a banda de volta a São Paulo, retomamos os preparativos para a estreia, e a movimentação foi intensa. 

Logo percebi que o momento para mergulhar no Língua de Trapo aproximara-se, pois além da estreia, havia diversas datas fechadas na sequência, e sem muito espaço para dedicar-me à Chave do Sol, o que gerou conflito, logicamente. Alguns dias antes da estreia, o Língua de Trapo, realizaria os últimos shows da turnê : "Obscenas Brasileiras". Lembro-me por exemplo, sobre três dias em uma mini temporada realizada no Teatro Cacilda Becker, na cidade de São Bernardo do Campo / SP, onde assisti da coxia e voluntariamente trabalhei como contra-regra, visto que o trabalho nos bastidores para fazer o show funcionar, mostrava-se intenso. 
O prédio da prefeitura de São Bernardo do Campo / SP, onde no andar térreo, fica o Teatro Cacilda Becker, daquela dinâmica cidade do ABC paulista  

Em um determinado show dessa trinca, em São Bernardo do Campo, ao perceber que o roadie havia tirado o pedestal de microfone do Pituco do lugar, e aquilo prejudicaria sua entrada em cena, entrei no palco com a luz acesa, e na frente do público que já esperava pelo início do espetáculo, e houve uma reação... 
Assim que cheguei ao pedestal, ouvi gritos vindos de várias pessoas, a proferir : -"A Chave do Sol", "Chave" etc. Sorri, mas não disse nada, ou gesticulei, para não causar tumulto maior. Quando cheguei de volta à coxia, recebi uma admoestação de um membro do Língua de Trapo, que alegou que aquilo não poderia mais acontecer etc. Ora... como poderia impedir uma manifestação espontânea vinda de alguém da plateia ?

Percebi então que o conflito haveria também da parte do Língua, o que deixar-me-ia sob uma situação muito complicada com as duas bandas, com atos gerados por ciúmes entre ambas. E assim, chegou o dia da minha reestreia no Língua de Trapo, e estreia do novo show da banda, denominado, "Sem Indiretas", uma clara alusão à campanha das "diretas já", que ganhara força ao final de 1983, e explodiria em 1984.
Continua...

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