segunda-feira, 22 de julho de 2013

Autobiografia na Música - Terra no Asfalto - Capítulo 29 - Por Luiz Domingues

Embora os tempos fossem difíceis para reagrupar a banda, eu achava possível uma volta, e sinceramente torcia por isso, pois mesmo que fosse apenas uma banda cover, mostrava-se muito mais confortável ganhar dinheiro, ao menos a tocar músicas que apreciava, a aventurar-se em outros trabalhos, tais como acompanhar artistas brega, coisa que estava a realizar, com a mesma finalidade monetária (atividades já relatadas no capítulo "Trabalhos Avulsos). E por volta do mês de novembro de 1980, essa volta do Terra no Asfalto delineou-se, a abrir então a melhor, e mais segura fase dessa banda. A movimentação esquentou para a volta do Terra no Asfalto, quando o Paulo Eugênio recebeu uma notícia que o animou. 
                                Aru Junior em foto bem mais atual

Um guitarrista / vocalista / pianista, com quem tocara em 1978, estava a voltar dos Estados Unidos, onde passara anos a estudar violoncelo e teoria musical. Ele chamava-se, Aru Junior, e com essa sólida formação musical acadêmica que possuía, o Terra no Asfalto embalaria com sua melhor e mais firme formação.

Aru Junior morou nos Estados Unidos entre 1977 e 1980, e sob uma rápida volta com fins recreativos que realizara em 1978, tocou nessa banda, em algumas apresentações, como convidado especial.
E assim, animado com essa perspectiva, e sabedor que a intenção dele, seria trabalhar o quanto antes, Paulo Eugênio incumbiu-me da tarefa de sondar o baterista, Cido Trindade. O Cido havia deixado o grupo Jungô, de uma forma abrupta, em agosto de 1980, ao alegar precisar de um tempo para estudar, pois estava obcecado pelo som do Jazz-Fusion, Free-Jazz e outras vertentes, onde o mínimo que esperava-se para tocar tais formas sofisticadas de música instrumental, seria que o músico fosse um "virtuose". Mas apesar de eu ter ficado chateado pela atitude volúvel e intempestiva da parte dele, não custava tentar, mesmo porque ele foi o amigo que ofertou-me as primeiras chances mais concretas na música; era meu amigo desde 1977, e morava no mesmo bairro em que eu também residia. Para minha surpresa, o Cido aceitou a proposta prontamente, pois a compreensão de sua família em vê-lo a estudar bateria dentro de casa por dez horas ao dia, estava por esgotar-se, não só pelo barulho que atormentava a todos, mas pelo fato de não estar a  produzir, financeiramente. Sendo assim, para o Terra no Asfalto ressurgir efetivamente, só faltava-nos escolher o repertório, e preparar as músicas. Com a entrada do Aru Jr., o repertório aumentou em volume. Além das músicas que já tocávamos normalmente, trouxemos muito mais peças interessantes. Se por um lado deixamos um material ótimo como músicas de Jimi Hendrix; Ten Years After; Traffic; Bob Dylan e Elton John para trás, como material que o Fernando "Mu" gostava de tocar, o Aru Junior trouxe para a nossa banda, o som do Grand Funk; Led Zeppelin e várias pérolas do Rock Progressivo britãnico e setentista.
Com essa formação, ousamos e passamos a tocar Yes; Gentle Giant; Supertramp; e Genesis, por incrível que pareça para pensar-se em uma banda cover que tocava em bares pela noite...
Ensaios foram marcados para prepararmos as músicas, e anotar a harmonia, pois nunca ensaiamos, eletricamente nessa nova fase que iniara-se.
Continua...

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