E uma segunda ocorrência surpreendeu-me em relação a
tais garotos. Cerca de dois meses após o ocorrido em minha casa, recebo
um telefonema a cobrar, vindo de uma cidade interior do Rio Grande do Sul.
Tratou-se do
guitarrista, que sob uma atitude desesperada, queria que eu fosse
imediatamente socorrer a banda, lá no Rio Grande do Sul, pois o baixista
que acompanhara-os, havia evadido-se...
Desesperado, queria que eu
fosse terminar a turnê e dizia-me, que eles pagariam todas as minhas despesas do
bolso deles mesmos, visto que a turnê estava a ser um desastre, e que o
baixista abandonara-os, justamente pelas péssimas condições que
enfrentavam. Admirei a franqueza do rapaz em admitir que estava a ser uma catástrofe tudo aquilo, mas o que eu poderia fazer ?
Ir até o Rio Grande do
Sul mediante um ônibus de linha, a carregar baixo; amplificador e bagagem, com a garantia de sua promessa em ser ressarcido pelas despesas, tocar sob condições inóspitas, e
em favor de uma banda onde eu não tinha nenhuma identificação musical e artística (fora a ruindade técnica deles, infelizmente) ? Fiquei com dó da situação dos meninos, mas realmente, seria um disparate aceitar participar de uma aventura amadorística dessas. Recusei, decerto. Após desligar o telefone, senti pena dos
rapazes, mas foi o tal negócio : só existe um jeito para adquirir-se experiência
na vida, e justamente trata-se do velho e infalível método de viver-se as experiências e extrair lições de cada uma. E
como um último dado curioso, só realço que durante os ensaios que realizei com eles no
estúdio localizado na redação da Revista Dynamite, toda a equipe da mesma,
organizou um bolsão de apostas. A pergunta foi : quanto tempo aguentaria
ensaiar com aqueles garotos ? Isso foi revelado-me, algum tempo
depois, por pessoas daquela redação da Dynamite, mas evidentemente em tom de
brincadeira.
Nunca mais tive notícias desses rapazes. Que eu saiba, ao menos no métier do Rock pesado paulistano, nenhum deles fez nada significativo. Eram dois irmãos, baterista e guitarrista e o vocalista, destemperado e praguejador...
Nunca mais tive notícias desses rapazes. Que eu saiba, ao menos no métier do Rock pesado paulistano, nenhum deles fez nada significativo. Eram dois irmãos, baterista e guitarrista e o vocalista, destemperado e praguejador...
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