quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 44 - Por Luiz Domingues

Ainda a falar sobre a perda da Verônica Luhr como nossa vocalista, ao pensar realisticamente, se tivéssemos tido uma grande oportunidade com esquema de gravadora e empresário, seria uma mera questão de tempo para que ela fosse assediada e convencida nos deixar para seguir uma carreira solo. 

Ao analisar sob a ótica da experiência adquirida, só entraria em um esquema daqueles, quem tinha contatos. A questão de termos sido esteticamente o oposto da onda da época, seria apenas uma agravante a mais, para afastar-nos do mundo mainstream.

Mas sinceramente, lamento muito que ela tenha buscado um outro caminho, pois a despeito de sua saída abrupta d'A Chave do Sol, ela merecia ter ficado famosa em larga escala pelo seu talento, que era enorme. 

Quanto a nossa banda, realmente, embora muito prejudicada pelo prejuízo que tivemos ao perder uma vocalista do quilate que a Verônica poderia alcançar mediante uma lapidação adequada, A Chave do Sol prosperou muito, já nos meses seguintes, conforme eu relatarei na sequência.

Naquele instante em que ficamos sem a Verônica, ficamos momentaneamente sem esteio, pois como desgraça pouca é bobagem, também fomos comunicados pela direção do Victória Pub, que o nosso contrato não seria renovado. 

Com isso, teríamos que: ou arrumar um novo vocalista em tempo recorde, ou parar tudo para reestruturarmo-nos como trio, e voltarmos assim a tocar no circuito em que estávamos a trilhar antes de entrarmos no Victória Pub. 

Além de todo o incômodo para enfrentar essa reestruturação, seria um retrocesso tocar novamente em casas menores como o decadente Deixa Falar, Devil's, Café Palheta e Água Benta Bar, com todo o respeito e gratidão que tínhamos por tais estabelecimentos terem aberto as suas portas para propiciar os nossos primeiros passos como início de carreira etc.

Então, nós tivemos uma outra ideia de imediato para a nossa continuidade, que eu relatarei a seguir. E quanto à Verônica, ela comunicou-nos a sua decisão, partiu e nós fomos reestruturar a nossa banda da maneira que pudemos, doravante.
Tanto que no último show da temporada no Victória Pub, ela alegou falta de voz por conta de um resfriado e não atuou conosco. Tivemos que improvisar músicas que o Rubens sabia cantar e foi um show aquém do que poderíamos fazer normalmente. Ficamos chateados, é claro, mas ao mesmo tempo, diante do inevitável, vimos o lado positivo, pois se tornara inexorável a nossa nova condição.
Tivemos que tocar algumas músicas cover que executávamos logo no começo da banda, na sua fase pré-Verônica, e o set list foi decidido minutos antes, na base do improviso. Estávamos um tanto quanto enferrujados com essas músicas, mas as executamos assim mesmo.

Não foi uma apresentação positiva, como havíamos padronizado realizar há meses, mas não chegou a ser um vexame, também. Estava encerrada a nossa atuação como banda fixa do Victória Pub. 

Nessa casa, nós tocamos nos dias 1º, 2, 3, 9, 10, 17 e 23 de fevereiro de 1983, com públicos respectivos em torno de 70, 120, 150, 200, 300, 170 e 250 pessoas (a assistir-nos concretamente, mas ao não refletir o número de pessoas dentro da casa, pois eram muitos os ambientes disponíveis e as pessoas espalhavam-se).  

Em março de 1983, tocamos nos dias 2, 9, 10, 15, 22 e 29, com público respectivo em torno de 200, 250, 200, 300, 20 e 15 pessoas a assistir-nos.  E o derradeiro show, ocorreu em 6 de abril de 1983, sem a presença da Verônica Luhr, com um melancólico público a contar com apenas 10 pessoas na plateia.

Logo mais, eu falarei sobre os primeiros passos sem a Verônica Luhr em nossa formação, e a ideia que tivemos para dar continuidade aos nossos planos de expansão.
Verônica Luhr, em uma foto bem mais atual, que achei na Internet.

Continua... 

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