Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 43 - Por Luiz Domingues

Como eu já expressei anteriormente, se a Verônica houvesse permanecido na banda, teria sido grande a possibilidade de despertarmos a atenção de produtores, empresários e gravadoras majors. Claro, teríamos que passar por muitas modificações inevitáveis no som e em nosso visual, mas ganharíamos todas as condições para brigar no patamar mainstream por um espaço.

A Verônica era uma cantora espetacular e visualmente, tinha todos os atributos que essa pessoal do show business desejara: era loura,  muito bonita, esguia e já a trabalhar como modelo, bastar-lhe-ia um pequeno ajuste, para que fatalmente chamasse muito a atenção. Aliás, não precisava nenhuma grande transformação, pois ela já  se arrumava bem no cotidiano, postura aprendida nos bastidores da moda, onde já trabalhava há tempos. 

E no quesito da voz, ela foi uma joia bruta. Com o timbre e a emissão semelhantes à da Tina Turner, seria um estouro, e não havia nenhuma cantora naquele emergente Br-Rock 80's, que pudesse rivalizar com ela, não me canso de expressar tal verdade. 

A Cássia Eller, só surgiria no mercado ao final dos anos 1980 somente estourou mesmo, na segunda metade dos anos noventa. Quem iria sofrer, seríamos nós três, instrumentistas da banda, pois seria áspero ter que amenizar nos arranjos, deixar de lado as nossas convicções estéticas , e adotar aquela estética Pós-Punk em voga, como linha a ser seguida, e com direito àquelas timbragens de plástico, no tocante à produção do áudio. 

Isso sem contar a questão dos arranjos medíocres, letras tolas etc. E não estou nem a mencionar sobre o visual... o Zé Luiz que nunca foi um genuíno Rocker, não sofreria muito, mas eu e o Rubens... já imaginou nós vestidos como dândis oitentistas, e com aqueles cortes de cabelo, abomináveis?

Continua...