A questão da divulgação foi bastante complicada, pois não tínhamos uma verba folgada para tal finalidade. Apesar de termos feito um bom caixa nos meses anteriores, com uma agenda movimentada de shows, e principalmente pelos cachets robustos do Victoria Pub (cumprimos quatorze shows, lá), teríamos que segurar uma boa quantia para garantir o aluguel de P.A. e luz; as cortinas cenográficas, e a produção em geral. Cotamos cartazes, "lambe-lambe", e filipetas. Rádio; TV & tijolos nos jornais, nem pensar, e nessa etapa da banda, não atrairiam público algum, pois éramos ilustres desconhecidos do grande público. Se houvesse verba, seriam interessantes, contudo, como mídia de alastramento da marca. Mas não foi o caso nessa fase da nossa carreira, mediante nosso caixa minúsculo.
Fizemos então alguns cartazes, filipetas e a verba não dava para suprir a colagem de lambe-lambe, apenas cobria a sua impressão. Dessa forma, o Zé Luiz (sempre ele, nessas horas desbravadoras...), disse-nos que sabia preparar a cola que os coladores de lambe-lambe usavam, e dessa forma prontificava-se a fazê-la, se nós aceitássemos ajudá-lo a colar nos tapumes da cidade. Então, iniciamos uma semana frenética, ao elaborar litros de cola, e sair de carro pelas madrugadas, a colocar nós mesmos os cartazes. Claro, pedimos orientação para o pessoal da gráfica, sobre o roteiro a ser percorrido, pois havia um acordo entre todas as gráficas de São Paulo, sobre os territórios demarcados para a colagem. Sendo assim, só colocamos onde eles iriam colocar, e assim economizamos a verba da colagem, que aliás foi praticamente a metade do preço cobrado.
O processo da fabricação da cola mostrou-se demorado, e transformou a cozinha da residência do Rubens, em uma fábrica de produtos químicos insalubres. Esperávamos a família dele recolher-se, e as empregadas domésticas da casa encerrar o seu expediente.
Foi utilizado polvilho azedo, água fervente e um pouco de sal grosso. Infelizmente, aquela massa apresentou um odor insuportável, por ser uma gosma fétida e nojenta, que causou-nos náuseas. Além do incômodo em usar panelas gigantes que o Zé Luiz arrumou, em um fogão residencial sob pequena extensão.
Continua...
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