domingo, 19 de janeiro de 2014

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 50 - Por Luiz Domingues


Contudo, por considerarmos efêmero divulgar o show com pichações, resolvemos fazer isso apenas para marcar o nome da banda. Então, em uma dessas madrugadas, estávamos nós três da banda, e acompanhados do poeta, Julio Revoredo, quando uma viatura da polícia, flagrou-nos. Não deu para disfarçar, pois quando a viatura virou a esquina, o Zé Luiz estava com o spray na mão, a caracterizar um flagrante. 

Para a nossa sorte, os dois PM's da viatura foram muito moderados, e não houve condução à delegacia. Eles só revistaram-nos, confiscaram os tubos encontrados conosco, e deram a advertência de que na reincidência, autuar-nos-iam. Algumas dessas pichações, feitas em bairros como Saúde; Ipiranga, e Vila Mariana, ficaram anos ali inscritas. Houve uma, perto da estação Vila Mariana do Metrô, que sobreviveu até pelo menos 1986...

Reprovo essa prática veementemente. Assumo a minha parcela de culpa, mas à época, mesmo ao achar errado sob o ponto de vista da ética e da cidadania, eu aprovei a prática, por calcular que essa propaganda seria importante para a consolidação do nosso nome. De fato, não foram poucas as vezes em que pessoas falaram-me ter visto tais pichações nesses muros, e depois que a banda começou a ficar famosa, após termos começado a aparecer na TV, muitas pessoas contaram-me que viam essas pichações, mas não faziam a menor ideia do que significa aquilo, mas depois que despontamos na mídia, começaram a associar tal manifestação abominável, à existência da banda. O plano foi pichar em muitos outros bairros da zona sul, e sob uma segunda etapa, expandir às outras zonas da cidade. Mas depois desse susto com a polícia, cancelamos essa estratégia. A seguir, falo do show no Teatro do Colégio Piratininga, propriamente dito.

Continua... 

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