Após essa catarse pela via de um blues sessentista, o clima voltava ao presente (anos 1980), com uma música do tecladista, João Lucas. Tratava-se
de um Rock oitentista, com certa modernidade "New Wave", e cujo tema da letra foi uma
crítica aberta aos políticos, e sua sanha pelo poder. Nessa
música, o Pituco Freitas retomava o vocal, enquanto o Laert voltava aos
bastidores para livrar-se do visual de Joe Cocker, com o qual atuara na canção anterior. A letra da
música, "Deve ser Bom", era explícita, sem sutilezas e até hoje não sei
como foi aprovada pela censura.
Talvez por estarmos nos estertores da
ditadura, pois se fosse um pouco antes, certamente que a "Dona Solange", teria passado a famosa tesoura, ou simplesmente a vetado. O seu som,
era bem embasado harmonicamente, mas com o arranjo a satirizar a New
Wave do início dos anos oitenta. Eu costumava tocar como o baixista do
Duran Duran, ao exagerar na dança New Wave, para satirizar aquele
modismo todo.
A seguir, a letra de "Deve ser Bom":
Deve ser Bom (João Lucas)
O meu sonho maior é ser político, bem famoso
E desfrutar de tudo o que vier
Do modo que o Brasil ainda raquítico, comatoso,
A ordem é um salva-se quem-puder
No ato, eu emprego toda a família e os amigos
Garanto o futuro dessa gente
Isso sem sonhar c'a maravilha, não consigo,
Que é um dia ser o presidente
Tudo isso sem falar em outras mordomias e salários,
Que não menciono agora por prudência
Trabalhar, dar duro mesmo, nem um só dia, é pra otário
E ainda ser chamado de excelência
Deve ser bom processar jornalista
E se fingir caluniado
Deve ser bom taxar de comunista
Quem não for mesmo um aliado
Deve ser bom um carro oficial
Levando a gente passear
Deve ser bom a foto no jornal
Com "um porção" de militar
A seguir, uma vinheta de áudio, com três piadas curtas, dava-nos o tempo de sair do palco para trocar a vestimenta. Na verdade era só para acrescentar um ridículo paletó, com um corte "futurista" e cor de abóbora...
Voltávamos ao palco para a música seguinte que nos levava direto à Jovem Guarda dos anos sessenta...
Deve ser Bom (João Lucas)
O meu sonho maior é ser político, bem famoso
E desfrutar de tudo o que vier
Do modo que o Brasil ainda raquítico, comatoso,
A ordem é um salva-se quem-puder
No ato, eu emprego toda a família e os amigos
Garanto o futuro dessa gente
Isso sem sonhar c'a maravilha, não consigo,
Que é um dia ser o presidente
Tudo isso sem falar em outras mordomias e salários,
Que não menciono agora por prudência
Trabalhar, dar duro mesmo, nem um só dia, é pra otário
E ainda ser chamado de excelência
Deve ser bom processar jornalista
E se fingir caluniado
Deve ser bom taxar de comunista
Quem não for mesmo um aliado
Deve ser bom um carro oficial
Levando a gente passear
Deve ser bom a foto no jornal
Com "um porção" de militar
A seguir, uma vinheta de áudio, com três piadas curtas, dava-nos o tempo de sair do palco para trocar a vestimenta. Na verdade era só para acrescentar um ridículo paletó, com um corte "futurista" e cor de abóbora...
Voltávamos ao palco para a música seguinte que nos levava direto à Jovem Guarda dos anos sessenta...
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