terça-feira, 1 de outubro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 57 - Por Luiz Domingues

Finalmente tivemos uma pausa, pois os próximos shows só foram acontecer daí a doze dias. Mas não foi exatamente férias para o Língua de Trapo, pois tivemos várias reuniões nesse período, e alguns compromissos a cumprir na TV, Rádio e imprensa escrita.

E entre essas reuniões, duas foram muito importantes. A primeira tratou do rompimento como triunvirato de empresários que representava-nos. Eu estava recém ingresso na banda, mas os tripulantes antigos estavam fartos da ação desses empresários, e relataram-me que essa insatisfação decorria de acertos financeiros, e principalmente, planejamento. Pensei comigo : "como assim" ?
Em quinze dias, havíamos feito uma enxurrada de shows com sucesso, mediante bons cachets, com farta cobertura da mídia... qual seria a insatisfação ? Então, vários componentes do Língua de Trapo afirmaram-me em conversas reservadas, que o antigo empresário que tinham, anteriormente, fora muito melhor etc e tal.
E essa conversa era praticamente unânime, segundo apurei. Um membro chegou a dizer-me que se ele voltasse, aí sim o Língua de Trapo deslancharia, com direito a entrada em gravadora multinacional (sonho de realização de qualquer artista naquela época) etc. Sendo assim, como membro, eu tinha direito a voto, mas nem que eu fosse contra, conseguiria mudar a decisão da maioria esmagadora e assim, foi resolvido a não renovação de contrato com o triunvirato de empresários, para deixar o caminho aberto para convidar o antigo empresário, com quem sonhavam voltar a trabalhar. Então, em uma segunda reunião, fomos em peso à casa desse empresário, para formular o pedido para que ele voltasse a trabalhar conosco. Eu apenas confiava na percepção dos demais que já o conheciam, e nessa perspectiva, torci para dar certo, a confiar que seria o melhor para a banda. Não sei precisar o dia exato em que essa reunião ocorreu. Foi seguramente no início de dezembro de 1983. O nome dele era (é) : Jerome Vonk.
Um rapaz jovem, extremamente inteligente, e apesar da pouca idade, com uma admirável bagagem pessoal, na música.

Holandês de nascimento, mas criado em São Paulo, falava / fala português sem sotaque algum, pelo contrário, possuía sotaque paulistano. Poliglota e viajado, trabalhara com Claude Nobs, o organizador do famoso Festival de Jazz de Montreaux, Suiça, principalmente como produtor / tradutor de artistas brasileiros na noite brasileira, tradicional naquele festival. Bem, ele aceitou voltar a trabalhar com o Língua de Trapo, apesar de ter feito uma pedida com porcentagem maior do que cobrara em sua primeira passagem no comando gerencial da banda, mas foi algo aceitável e dentro dos padrões normais do meio. Todos comemoraram essa volta dele, e pelo que percebi, realmente tratavam-no como um membro da banda, tamanha a camaradagem que tinham com ele.Também tornei-me rapidamente, seu amigo e relatarei histórias boas sobre a sua passagem pela banda. E falarei dele, também em tópicos sobre outras bandas onde eu atuei. Portanto, tem histórias do Jerome, com A Chave do Sol; Pitbulls on Crack e Patrulha do Espaço, ao longo desta narrativa. 

Continua... 

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