Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 95 - Por Luiz Domingues
De volta dessa aventura Rocker, no longínquo bairro do Recreio dos Bandeirantes,
chegamos ao apartamento da Rua Barata Ribeiro, com os ouvidos
a zumbir... o Herva Doce realmente tocou muito alto naquela noite. Na
segunda-feira, tivemos o dia livre novamente. Um raro dia de descanso na turnê, o
que foi uma delícia, certamente. Ocupei o meu dia, a visitar livrarias e
sebos nas redondezas, e Copacabana continha (contém) vários, muito interessantes.
Uma vez no apartamento, o Pituco Freitas veio alertar-me que no cinema da Av.
Prado Júnior, a um quarteirão de onde estávamos hospedados, estava
a passar o novo filme de Steve Martin, e que este seria sensacional, por que
homenageava o cinema Noir dos anos 1940. Não precisou falar duas
vezes, e eu, cinéfilo inveterado, fiquei bastante interessado em
assistir. Então, fomos à sessão das 17:00 horas, eu, Luiz Domingues; Pituco Freitas e
Paulo Elias. Senti-me em meio a uma "dolce vitta felliniana" por estar em plena
segunda-feira, a dirigir-me ao cinema, despreocupadamente, e sob um horário desses, mas esses
dois dias de descanso vieram a calhar, pois desde outubro, eu mantive-me sob um ritmo
frenético dentro das atividades do Língua de Trapo, e a usar as raras brechas que surgiam, para trabalhar com A
Chave do Sol. Então, contar com um descanso de dois dias no Rio de Janeiro, foi providencial.
O
filme foi bastante interessante. "Dead Men Don't Wear Paid" ou "Cliente Morto Não
Paga", é uma comédia com uma riqueza de detalhes, rara, no trabalho quase
sempre pastelão do ator, Martin.
Ao emendar trechos de filmes clássicos do
estilo Noir quarentista, com a película produzida nos anos oitenta, o personagem de Martin interage com tais
personagens dos velhos filmes, em situações de tais trechos, sob um brilhante trabalho de
roteiro e edição a mesclar-se com os filmes clássicos. E durante aquela noite, os demais membros que haviam viajado à São Paulo para passar os dois dias de folga, já estavam de volta ao apartamento (QG) do Língua de Trapo, no Rio. A
lembrança foi a de ficarmos a assistir a cerimônia do Oscar daquele ano de 1984, na
velha TV disponibilizada no apartamento, ao estabelecermos as nossas respectivas apostas, pois praticamente todos
nessa banda, apreciavam o cinema. Na terça, voltaríamos ao trabalho, ao retomarmos a turnê no Rio.
Continua...
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