quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 93 - Por Luiz Domingues


No dia seguinte, sexta-feira, 6 de abril de 1984, fomos enfim brindados com um público mais significativo. Foram cento e oitenta pessoas a assistir-nos naquela noite. Aproveito agora para comentar alguns eventos análogos, que guardo na memória, mas não estão anotados sob datas exatas. Tenho apenas a lembrança dos fatos, mas sem precisão. Portanto, arrolarei sem essa preocupação. 

1) Logo nos primeiros shows, o Pituco Freitas conheceu uma bela e jovem atriz / cantora, que foi ver a nossa atuação. Não fique chateado comigo, leitor, mas apesar dela ter ficado razoavelmente famosa nessa época, ao ter participado de novelas da Rede Globo, e a lançar discos, também, não consigo recordar-me do seu nome.

Contudo, lembro-me que ela foi visitar-nos no camarim, no pós-show, e eis que eles entenderam-se bem, digamos assim... como resultado, ele passou uma micro temporada hospedado na casa dela, ao deixar o apartamento / QG do Língua de Trapo, em Copacabana...

2) Algumas presenças ilustres de que lembro-me, estiveram em certos shows, mas não necessariamente na mesma noite em si : Eduardo Dusek; Cristiane Torloni e Angela Ro-Ro, que aliás esteve acompanhada de uma bela namorada, e riu muito durante o show inteiro. 

3) Sempre víamos o show da  grande, Nana Caymmi, pela coxia, conforme já disse anteriormente.

Em uma dessas noites, ela ficou possessa com um erro cometido pelo iluminador, e pelo interfone do camarim, soltou o verbo, ao tratá-lo com aspereza, na metade de seu show. mas foi incrível o seu autocontrole, pois mesmo muito nervosa, voltou ao palco para dar continuidade ao show, e o público não percebeu nada... 

4) Eu tinha um temor pessoal e tolo sobre aquela minha performance cênica durante o número da Escola de Samba, em que satirizava-se aquela organização com ideologia política conservadora e sob ditame religioso. O meu receio foi que os cariocas rejeitassem a minha singela participação no número, por eu ironizar a instituição, "Escola de Samba", algo sagrado para eles, tanto quanto a pizza, é para nós, paulistanos. 

Mas creio que subestimei a inteligência do público, pois toda noite, eu percebia pessoas a apontar para a minha pessoa e gargalhar. Cheguei a notar pessoas a imitar-me, por eu simular tocar uma ridícula caixa de fósforos, sinal de que haviam apreciado a minha galhofa. Um sujeito chegou a dizer-me no camarim, no pós-show de uma noite dessas, que era diretor de teatro, e achava que eu tinha potencial para ser ator... (menos... menos)... 

5) O rapaz que alugou o equipamento de palco para os nossos shows, era um hippie veterano. 
Tratava-se de um freak com o cabelo loiro pela cintura, parecido com o Greg Allman. Era uma persona bastante presente no métier musical do Rio de Janeiro, por alugar amplificadores para todo mundo. Usamos cabeçotes e caixas Fender, tudo muito bom, claro.
Não lembro-me do nome dele, mas assisti, anos depois, um documentário sobre o BR-Rock oitentista, e esse rapaz aparece em diversos momentos, sempre pela coxia de shows diversos que ali  foram documentados, a vigiar os seus amplificadores...

Continua...
  

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