sábado, 5 de outubro de 2013

Autobiografia na Música - Língua de Trapo - Capítulo 68 - Por Luiz Domingues

Infelizmente, nessa época eu cometi o desleixo em não anotar as datas e o nome dos programas de rádio, TV, e as principais entrevistas para jornais e revistas que o Língua de Trapo participou.
Portanto, vou comentar alguns, somente, e descompromissado (por força das circunstâncias), com a cronologia que procuro manter no relato de todos os capítulos. Acredito que foi nessa época, fevereiro de 1984, que concedemos uma longa entrevista ao Jornal da Tarde, de São Paulo. 

Lembro-me que o Jornal da Tarde estava a publicar entrevistas com diversas bandas paulistanas, algumas da cena da Vanguarda Paulistana, outras da cena do BR Rock 80's. Entre as da Vanguarda : Itamar Assunção & Isca de Polícia; Rumo e o Língua de Trapo. E sobre o pessoal do Rock, lembro-me claramente da presença dos Titãs. Contudo, apesar da repórter do "JT" ser simpática, suas perguntas apontavam para uma pauta que passava ao largo do trabalho em si. Com o tempo, acostumei-me com esse tipo de abordagem quase desdenhosa por parte da mídia, que encara artistas do patamar underground, não pela sua obra, mas pelo exotismo por insistir em trabalhar, mesmo sem o reconhecimento, e as melhores condições de trabalho / sobrevivência. 
A clássica pergunta, sempre feita nesse tipo de abordagem, veio à tona : -"vocês vivem só de música" ? Nunca conformei-me com esse tipo de questionamento, embora tenha sido obrigado a resignar-me com esse fato. Não nesse dia, mas muitos anos depois, ao ser indagado por um repórter sobre essa questão, respondi-lhe : -"e você, trabalha só com jornalismo" ? No caso dessa matéria do JT, infelizmente a obra do Língua de Trapo ficou em segundo plano, e o mote da reportagem foi : "Artistas emergentes que sonham em viver de música". Observações tolas sobre possuir carro próprio, ou usar transporte público e morar sozinho, ou na casa dos pais, foram mais importantes que a obra de cada um, infelizmente...

Continua... 

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