Infelizmente, nessa época eu cometi o desleixo em não anotar as datas e o
nome dos programas de rádio, TV, e as principais entrevistas para
jornais e revistas que o Língua de Trapo participou.
Portanto, vou comentar alguns,
somente, e descompromissado (por força das circunstâncias), com a cronologia que procuro manter no
relato de todos os capítulos. Acredito que foi nessa época, fevereiro de
1984, que concedemos uma longa entrevista ao Jornal da Tarde, de São
Paulo.
Lembro-me que o Jornal da Tarde estava a publicar entrevistas com diversas
bandas paulistanas, algumas da cena da Vanguarda Paulistana, outras da
cena do BR Rock 80's. Entre as da Vanguarda : Itamar Assunção & Isca de
Polícia; Rumo e o Língua de Trapo. E sobre o pessoal do Rock, lembro-me
claramente da presença dos Titãs. Contudo, apesar da repórter do "JT" ser simpática,
suas perguntas apontavam para uma pauta que passava ao largo do trabalho
em si. Com o tempo, acostumei-me com esse tipo de abordagem quase
desdenhosa por parte da mídia, que encara artistas do patamar underground, não
pela sua obra, mas pelo exotismo por insistir em trabalhar, mesmo sem o
reconhecimento, e as melhores condições de trabalho / sobrevivência.
A
clássica pergunta, sempre feita nesse tipo de abordagem, veio à tona :
-"vocês vivem só de música" ? Nunca conformei-me com esse tipo de
questionamento, embora tenha sido obrigado a resignar-me com esse fato. Não nesse dia, mas muitos anos depois, ao ser indagado por um repórter
sobre essa questão, respondi-lhe : -"e você, trabalha só com jornalismo"
? No caso dessa matéria do JT, infelizmente a obra do Língua de Trapo
ficou em segundo plano, e o mote da reportagem foi : "Artistas emergentes
que sonham em viver de música". Observações tolas sobre possuir carro próprio, ou
usar transporte público e morar sozinho, ou na casa dos pais, foram mais
importantes que a obra de cada um, infelizmente...
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