Na terça, dia 3 de abril de 1984, estreamos no auditório Sidney
Miller, da Funarte, no Rio de Janeiro. Antes de iniciarmos, contudo, durante o
soundcheck, passamos pela experiência em submetermo-nos à apreciação de
um diretor de cena.
Ocorre que tratava-se de uma norma da Funarte, que mesmo
por ser um show musical, seria obrigatória a assinatura de um
profissional de teatro, e dessa forma, o Jerome contratou um diretor no
Rio. Como o nosso show era todo teatralizado, e já estava montado, o rapaz
limitou-se a observar pequenas dicas sobre marcações, que mais serviram para
auxiliar o iluminador, que também era funcionário do teatro e não conhecia-nos. A
única dica valiosa que somou, foi durante a gag de uma música nova.
Tratou-se de um fado português ("Fado da Falência"), e nesse número, o Laert entrava vestido com roupas folclóricas
lusitanas. E para reforçar a piada, eu, Luiz Domingues; Serginho Gama, Lizoel Costa, João
Lucas e Naminha, que participavam do número, levávamos cadeiras para
tocar bem próximo dele, Laert, ao simularmos músicos portugueses, típicos do fado, que
geralmente tocam sentados e perfilados, próximos ao cantor. E enquanto
ele entrava em cena, fazia parte da encenação que nós fizéssemos uma
tremenda trapalhada com os instrumentos e as cadeiras, para brincar com o
estereotipo da suposta falta de inteligência dos lusitanos (eu
participava sob protesto, é claro...), o que aliás, hoje em dia nem seria
usado, sob ameaça de ser considerada uma piada politicamente incorreta.
Nesse sketch, o tal
diretor achou a confusão excessiva, e dessa forma, aconselhou-nos a coibir o exagero.
Foi somente essa a orientação do rapaz, e sua atuação foi justificada então, mais para preencher a
exigência burocrática. Nós fazíamos o show das 21:00 horas, mas às 18:00 horas, havia outro projeto de shows, chamado : "Projeto Pixinguinha". Nas duas
semanas em que usamos o teatro, dividimos o espaço com a famosa cantora de MPB :
Nana Caymmi.
Então, após o show da Nana, que assistimos pela coxia,
fizemos o nosso primeiro show dessa temporada, e o primeiro da minha
carreira, no Rio de Janeiro.
Ticket de show da Sala Sidney Miller. Acervo de Paulo Presley, um fã da banda que esteve presente
Foi uma terça-feira e apenas quarenta e cinco pessoas passaram pela bilheteria, o que fora pouco para os padrões do Língua de Trapo, em seus shows realizados em São Paulo, mas foi o primeiro dia, e esperávamos uma melhora significativa no decorrer da temporada. E foi o que aconteceu, ao animar-nos.
Foi uma terça-feira e apenas quarenta e cinco pessoas passaram pela bilheteria, o que fora pouco para os padrões do Língua de Trapo, em seus shows realizados em São Paulo, mas foi o primeiro dia, e esperávamos uma melhora significativa no decorrer da temporada. E foi o que aconteceu, ao animar-nos.
Continua...
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