Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
sábado, 20 de setembro de 2014
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 40 - Por Luiz Domingues
Ao falar sobre o disco em si, sem dúvida que poderia, aliás, deveria ter sido melhor gravado. Contudo, foi a melhor oportunidade que arrumamos à época e claro, a grande barreira que impediu-nos de buscar um estúdio melhor, foi a financeira.
O Camerati, em seu auge, chegou a ser um estúdio sofisticado, e bem frequentado por artistas com médio porte. O problema foi que estava em processo de sucateamento, e o seu dono nessa fase final, o cantor e compositor Belchior, não tinha nenhum outro interesse a não ser vender o equipamento, e devolver o imóvel ao proprietário. Aliás, o proprietário já estava com o imóvel praticamente vendido. De fato, poucas semanas depois que encerramos a mixagem do CD Chronophagia, o espaço foi remodelado, e tornou-se um restaurante japonês...
Quanto à sonoridade do nosso disco, apesar de estar em desmanche, o Camerati poderia ter rendido um pouco mais para nós, mas não o foi, muito por convicções sonoras equivocadas da parte dos técnicos : Zôro e Lanchinho. Eles eram competentes e solícitos, não é essa a minha queixa. O grande problema foi a concepção de áudio que eles tinham em sua formação como técnicos de áudio. Para ser específico e fazer-me bem claro, citarei o caso do meu som, em particular. Eu gravei esse CD com os mesmos baixos; mesmo amplificador, e caixas que usei nos demais discos da Patrulha, e nos dois do Pedra.
Ouça Chronophagia, e ouça os dois do Pedra, e mesmo sendo o mesmo baixista; com os mesmos baixos, e o mesmo equipamento, a diferença é brutal. No caso do Chronophagia, o técnico Zôro mantinha a concepção em gravar a banda inteira sob padrão "flat". Isso significa que ele queria gravar todos os instrumentos com a equalização achatada na região média, e na mixagem, dizia que buscaria as correções para alcançar os graves e agudos, a atingir os timbres desejados para cada instrumento.
No meu caso, eu tinha planejado desde o tempo do Sidharta, praticamente, com qual baixo pretendia gravar cada música. Cada canção requeria uma característica sonora, e eu como possuía três baixos dotados de timbres distintos e marcantes (Fender Jazz Bass; Fender Precision, e Rickenbacker), podia dar-me a esse luxo, e o trabalho merecia tal requinte, certamente.
Em um Rock Progressivo como : "Sendo Tudo e o Nada", que tinha frases bastante agressivas ao estilo do Chris Squire, o Rickenbacker bem agudo era essencial. Nos shows ao vivo, determinados trechos mais ousados dessa música, costumavam arrancar uivos da plateia mais antenada nesses detalhes, e era essa atmosfera que eu queria registrar no disco.
Já em uma música como "Sr. Barinsky", eu usei o Fender Jazz Bass, com um registro bem grave, e muito "aveludado", para aproximar-me ao máximo do som de baixo do Paul McCartney nos Beatles, e assim por diante, cada música apresentava um feitio diferente (em "Ser", o Fender Precision, com som metálico, e pesado, remetia ao baixo de Mel Schacher, do Grand Funk, por exemplo). Todavia, na mixagem, a realidade foi que o Zôro nada pode fazer para respeitar a característica de cada instrumento, pois com o sinal da captura achatado em todas as faixas, praticamente todas as músicas ficaram opacas, sem distinções como eu desejava. Nos discos do Pedra, o som de baixo capturado pelo técnico, Renato Carneiro, foi tão magnífico, que veio a tornar-se uma referência para vários baixistas. Cada baixo, soa com seu timbre característico, e o Chronophagia deveria ter tido isso também. O segredo : o Renato deixou eu timbrar os meus baixos exatamente como eu queria, e usou os seus conhecimentos técnicos para angular os microfones da melhor maneira possível, para capturar com fidedignidade, o som natural do instrumento; amplificador, e caixas. E munido por três baixos bons e caixas Ampeg, não há como errar, a não se que insista-se em deixar a equalização do amplificador "flat", como o Zôro fez nas gravações do Chronophagia, infelizmente. Só lamento, pois Chronophagia diz muito para a minha trajetória, particularmente, e precisava ter o som de baixo igual aos que eu tenho nos discos do Pedra.
Continua...
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