sábado, 20 de setembro de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 41 - Por Luiz Domingues


A questão sobre o Paulo Zinner ter sido o produtor do álbum, deveria ter resolvido esse impasse, porém, não mudou nada nesse quesito das equalizações "flat" dos baixos, na resolução do áudio final, pois quanto ao aspecto técnico de áudio, ele também não possuía grandes conhecimentos, e sendo assim, confiou na concepção em que Zôro e Lanchinho haviam cismado, mediante as sua convicção. O papel dele, Zinner, foi mais como produtor artístico, e nesse sentido, ele ateve-se mais aos detalhes musicais em si. A captura do som ficou a cargo do Zôro, e do agregado, Daniel "Lanchinho". 

Reafirmo, eles eram (são), muito bons técnicos, mas ambos mantinham essa concepção de gravação, ao capturar o sinal primordial de forma flat, para corrigir as frequências a posteriori na mixagem. Eu não entendo de áudio, nem 1% do que eles entendem, mas acho esse esquema errado para uma banda de Rock, principalmente se interessada em estética sessenta / setentista. Talvez  funcione com outros estilos musicais (o Zôro fazia muitas gravações para artistas de pagode e axé music por exemplo, e o "Lanchinho" era especialista em blues).

Para uma banda com as nossas características, a buscar timbres vintage, exatamente como artistas internacionais tais como, Black Crowes e Lenny Kravitz fizeram nos anos noventa, nós deveríamos ter tido outro plano de gravação. Em relação a uma reclamação não generalizada, mas que existe da parte de alguns fãs / ouvintes, a dar conta de que o CD, quando ouvido sob um volume muito alto, sofre problemas de distorções, devo esclarecer de que se isso existe, é variável de um aparelho para outro. Eu nunca reparei, e observe o leitor, que eu já cheguei a ouvi-lo executado em P.A. com grande porte, e não reparei nesse detalhe.

O que incomoda-me nesse disco, são os timbres achatados dos instrumentos, com excesso de médios, principalmente os meus baixos. Contudo, tudo isso é preciosismo. O que importa, é que trata-se mesmo de um grande trabalho, e significa-me muito por todos os valores inerentes dos quais já expressei amplamente aqui, e no tópico do Sidharta. Outro dia (refiro-me a um show realizado em 2011), toquei com os Kurandeiros no Centro Cultural Gambalaia, em Santo André (e curiosamente localizado em um endereço daquela cidade, muito próximo ao do antigo estúdio Camerati). Uma plateia muito jovem e Rocker, entusiasta de estética 1960 / 1970, compareceu em peso, e apreciou o show. Eram amigos do Samuel Wagner (que esteve presente, é claro), e o Samuel disse-me que por ser muito jovens, lamentam muito não ter acompanhado a Patrulha do Espaço, em sua fase "Chronophagia", e divagam nas histórias que ele conta-lhes sobre as nossas andanças, e das quais ele esteve junto conosco, como membro de nossa equipe técnica. Isso corrobora o que eu penso, ou seja, claro que orgulho-me muito desse CD ter deixado como legado, marcas artísticas expressivas.
Continua...  

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