Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 38 - Por Luiz Domingues

No dia da sessão de gravação do grande Manito, que imortalizou um sax sensacional em "Sunshine"

E foi então iniciada a segunda etapa das gravações. Com baixo; bateria; e muitas bases de teclados e guitarra prontas, começamos as sessões de gravação dos solos. Foram dias memoráveis de gravações.

Muitos momentos mágicos de inspiração por parte do Rodrigo e do Marcello, ao registrar solos infernais de guitarra, e teclados, ambos.
Lembro-me bem de uma sessão onde o Rodrigo gravou o solo da canção : "O Pote de Pokst", a utilizar uma câmera de eco Ecoplex, aquela bem típica dos anos setenta. Ele a usou em partes de efeitos, onde a sua guitarra simulou ruídos emitidos por pássaros, gaivotas para ser preciso, para deixar o final da música bem emocionante, e a altura das tradições melódicas do Rock sessenta / setentista. E começaram a gravar também, os convidados do disco.

Lembro-me bem da presença da vocalista, Alexandra "Xandra Joplin", que veio gentilmente de Santos, no litoral do estado, para colocar a sua voz nas músicas : "Sunshine", e "Terra de Mutantes".
Em uma sessão ocorrida em um domingo a tarde, Paulo Zinner, e o técnico de som, Daniel "Lanchinho", gravaram percussão na música : "Ser".

 

Paulo gravou um micro solo com o timbales, enquanto o Daniel tocou uma conga bem acelerada, simultaneamente. Mas o dia mais emocionante durante as sessões de convidados, certamente foi quando o Manito apareceu para gravar um solo de sax, na música : "Sunshine". 

Realmente, foi muito bonita a participação dele. Ele gravou em tomada única, sem ao menos ouvir a música, previamente. Fez um solo de arrepiar, e continuou a criar frases na parte final, sob uma intervenção que não era prevista por nós, mas ficou tão lindo, que deixamos assim na edição final da mixagem.

Eu, Luiz Domingues; Manito; e sua esposa, a ouvir o resultado da gravação de seu solo.

Gravadas todas as partes instrumentais, finalizamos os vocais com tranquilidade. Já na metade de fevereiro de 2000, estávamos no processo da mixagem em andamento. A ideia dos convidados foi do Júnior, e os esforços em prol da pré-produção, idem. O Paulo Zinner foi fácil e lógico, pois estava a produzir o disco. O Daniel "Lanchinho" foi uma opção inesperada que deu certo, pois até então, nem sabíamos que ele era músico, e "pilotava" congas com desenvoltura. Já no caso da Alexandra, fora uma observação antiga do Júnior que já a conhecia por vê-la atuar como Janis Joplin cover.

 

 

E quando fomos tocar na cidade de Praia Grande / SP, no início de 2000, ela esteve presente, e foi feita uma troca de contatos. E quanto ao Manito, foi um pouco mais trabalhoso, mas deu certo, ainda bem.

Lembro-me bem que por uma certa imprudência de nossa parte, amigos apareceram na sessão em que o Manito iria gravar a sua participação, e ficamos sem jeito para pedir-lhes que retirassem-se. Dessa forma, o estúdio lotou com curiosos, indevidamente. Isso foi desagradável, claro, mas o Manito, super experiente que era, nem intimidou-se, e gravou a sua participação com a exuberância de sua condição como um virtuose que era.

                     Ricardo Schevano; Rodrigo Hid, e Manito              

Todos os vídeos das gravações do CD Chronophagia ficaram com o Júnior, e pelo que eu saiba, ele ainda não providenciou a digitalização desse material. Ao surgir novidades sobre isso, reabro os capítulos concernentes a tal etapa do relato, e acrescento-os, naturalmente. 

As sessões de gravação foram amplamente filmadas, e seria possível produzir um documentário só para falar sobre esse disco. Isso inclui a participação do Manito, e seu sax inspirado.

Da esquerda para a direita : Luiz Domingues; Manito; Rodrigo Hid; Marcello Schevanno; Rolando Castello Junior, e Paulo Zinner. Click : Eduardo Donato

Continua...