Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 43 - Por Luiz Domingues
O processo da produção da capa foi o seguinte : o Rolando Castello Júnior conhecia um desenhista excelente, chamado : Johnny Adriani. Ele já havia feito trabalhos anteriores para a Patrulha do Espaço (e na verdade, para inúmeras outras bandas famosas), ao confeccionar cartazes; filipetas, e mesmo um dos logotipos que a banda adotara, justamente aquele com os dois dragões.
Particularmente, nunca gostei desse logotipo, não pela arte em si, que é bem feita, mas pelo astral um tanto quanto, Heavy-Metal, que ele insinua. Preferia mil vezes o logotipo anterior, com a nave estilizada, bem mais Sci-Fi, e condizente com as raízes da banda que estávamos a resgatar, e tentar assim, sair daquele ranço heavy-metal que a banda adotara da metade dos anos oitenta em diante.
O Johnny é um paulistano que radicou-se em Campinas / SP, há muitos anos, e ao trabalhar com arte final, é autor de muitas capas; encartes; cartazes, e demais materiais gráficos para apoiar diversas bandas. Ele também foi o fundador e decorador da famosa casa de shows : "Delta Blues" em Campinas, que por muitos anos foi referência no circuito do Blues brasileiro, inclusive a apresentar atrações internacionais importantes desse universo, para ali apresentar-se. Bem, feitos os devidos contatos telefônicos, estabeleceu-se que iríamos à Campinas conversar com ele. Fomos então em um sábado de fevereiro de 2000, e passamos horas na sua residência, a vislumbrar as suas ideias, portfólio etc.
Poderíamos ter escolhido qualquer ilustração pronta que ele já possuía, às centenas. Tratava-se de uma mais linda do que a outra, a abranger inúmeros conceitos. Havia diversas sob ambientação interplanetária, verdadeiras paisagens ao estilo de Roger Dean, verdadeiramente incríveis. Outras a evocar mitologia de diversas matizes; xamanismo; surrealismo, enfim, foram múltiplos os conceitos que ele abordara em sua obra. Mas como todo bom artista, ele mesmo empolgou-se com a ideia da personalização, e dessa forma, desejou criar algo exclusivo, e daí, mediante muitas conversas conosco, e a ouvir nos dias posteriores as músicas do álbum, chegou em um esboço (raf) que enviou-nos por E-Mail, e pelo qual, o aprovamos sem reservas. Para fazer jus ao conceito da palavra : "Chronophagia", título do álbum, Johnny fez uma ilustração espetacular, ao unir o passado ao futuro. Revelou-se tal ilustração, em torno do rosto enigmático de um cyborg, vazado sob uma superfície, onde hieróglifos egípcios parecem trazer uma mensagem.
Fora isso, dois círculos sobrepostos e cravados com cristais reluzentes, remetem à portais interdimensionais. Cibernética; esoterismo antigo, e física quântica a caminhar juntos, simetricamente. Mostra-se cibernético e antigo ao mesmo tempo, isto é, tem tudo a ver com a proposta da banda, ao estabelecer o som, aqui e agora, (refiro-me à 2000, naturalmente).
No encarte, muita informação, como nos velhos tempos dos encartes de discos de vinil. Em quatro páginas, uma foto de cada membro, em preto e branco e banhadas por uma espetacular camada grafite, mediante matiz azulada. As fotos dos componentes do grupo; foram clicadas em uma sessão de fotos que eu já descrevi, no estúdio do fotógrafo, Moa Sitibaldi, no ano de 1999.
Um texto explicativo sobre o conceito da "chronophagia", foi elaborado pelo Marcello Schevano. Ele fora na verdade, o criador do conceito e da consequente escolha do título do CD, com o qual concordamos por unanimidade.
Certamente expressou com fidedignidade o que foi aquele trabalho, ao unir conceitualmente o passado e o futuro sob um presente cheio de energia. E mais uma curiosidade : desde o tempo do Sidharta, ficávamos a elucubrar sobre as similaridades que cada música continha com bandas icônicas dos anos 1960 e 1970. A brincadeira divertia-nos, e quando chegou a parte da elaboração do encarte, resolvemos dedicar cada música a um artista que admirávamos, e cuja sonoridade da canção remetia-nos como influência, em cada caso em específico.
Continua...
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