domingo, 7 de setembro de 2014

Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 31 - Por Luiz Domingues


Passada a data desse show no litoral, a concentração foi total na pré-produção da gravação do novo disco.
Providenciamos equipamentos e instrumentos que gostaríamos de usar, além dos nossos, como reforços para a gravação, e fazíamos contatos para alinhavar os convidados especiais que tocariam no disco, além de toda a parte burocrática.
E logo surgiu a ideia também para fazermos um show no próprio espaço do estúdio, e aproveitar todo o equipamento de gravação para gravar também o show e dessa forma, termos opções de músicas ao vivo para um futuro lançamento. Claro, com isso, dobrou o nosso trabalho, pois acumulamos as gravações, tivemos que preparar o show e sobretudo esmerarmo-nos para divulgá-lo convenientemente. 

Cabe explicar que o estúdio Camerati funcionava sob uma charmosa casa dotada de uma arquitetura arrojada, e que houvera sido residencial. Ficava localizada no elegante bairro Jardim, da cidade de Santo André, na região do ABC paulista. Fora na verdade, um mini Centro Cultural, com o estúdio a funcionar em uma construção erguida no quintal da casa, munida de um belo jardim.

Na parte da frente da casa, os quartos foram adaptados como salas de reunião e escritórios, e um amplo salão, onde antes deve ter sido uma enorme sala-de-estar residencial, transformara-se em um auditório que poderia abrigar cerca de duzentas pessoas, para shows. Contudo, o Camerati que fora um estúdio badalado e caro ao final dos anos oitenta e início dos noventa, passava por um processo sob profunda decadência. Fazia tempo que não promovia shows em seu espaço, e o seu aspecto ficara a sugerir abandono, com sujeira; mobília velha, e mal cuidada. Na parte do estúdio, a limpeza também já não era exemplar, e o equipamento ainda que a funcionar, estava antiquado. Nós comemoramos o fato de gravarmos ainda em sistema analógico, ao usarmos a velha máquina Ampex com vinte e quatro pistas, e a mixagem seria no método antigo de "pilotagem", com várias mãos a ter que colaborar nos momentos estratégicos das inevitáveis mudanças etc e tal. Contudo, se queríamos produzir um som vintage, tudo isso estava vindo a calhar, a reforçar os nossos propósitos de resgate estético em prol das tradições 1960 / 1970. 

Continua... 

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