Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 355 - Por Luiz Domingues
A resposta da Warner ainda não havia saído, quando a Sonia veio nos contar, eufórica, que reencontrara um velho amigo seu, ator e comediante famoso, que estava a se desligar da Rede Globo de Televisão, após anos de contrato com aquela emissora, e sem agente no momento, acertara a sua ligação com o Studio V.
Antes que nos pronunciássemos, ela já foi a nos advertir que não deveríamos nutrir ciúmes, pois a entrada dele no elenco da produtora, não extrairia os seus esforços para nos promover, e que pelo contrário, com um artista famoso na mesma produtora, mais portas abrir-se-iam e nós seríamos beneficiados, também. Não estávamos preocupados com isso, e de fato, ao contrário do obscuro cantor português que realmente não acrescentava nada e talvez subtraísse, por conta de sua ruindade artística e arrogância diametralmente oposta, talvez ela tivesse razão de certa forma e tal comediante pudesse de fato agregar algo ao Studio V, e isso culminar em nos beneficiar, mesmo que em pequena escala.
Tratou-se de Agildo Ribeiro, realmente um comediante e ator que tinha muito gabarito, e um currículo de muito respeito em sua trajetória. E assim que tal artista agregou-se ao nosso mesmo escritório, Sonia, na contramão do que nos exortava a não nutrir (ciúmes), nos deu margem para tal, pois dali em diante, passou a paparicar o comediante, 24 horas por dia, e pôs-se a nos deixar de lado. Cabe no entanto, uma reflexão mais apurada, agora, com a distância histórica aliada à experiência adquirida.
Como o leitor mais atencioso já deve ter concluído, nesses meses em que nos associamos ao escritório, graças ao nosso esforço construído pelos nossos esforços de quatro anos de trabalho, resultara uma avalanche de oportunidades, portanto, antes mesmo deles esboçarem mexer um dedo para fazer algo em nosso favor, uma série de oportunidades já estavam a acontecer, sem a sua interferência.
O pouco que fizeram em nosso favor, fora insignificante em termos de mídia. O melhor que nos foi proporcionado, houvera sido o uso do estúdio para produzir uma nova demo-tape. Não vou relativizar isso, pois foi uma ajuda e tanto, eu reconheço, é claro.
Todavia, Sonia e Toninho não tiveram nada a ver com esse fato, diretamente. O estúdio e toda a sua estrutura, incluso o salário do técnico, Clovis, as contas da eletricidade, gás, água, IPTU do imóvel e demais despesas da sua manutenção, incluso outros funcionários, como a secretária, Maria Amélia, a despensa da cozinha e do material de limpeza, a faxineira e o rapaz da segurança, tudo era bancado pelo Miguel.
No que tangeu aos esforços da dupla Sonia e Toninho, salvo pequenas entrevistas agendadas em órgãos menores, e a nossa inserção no constrangedor cocktail do cantor lusitano, nada de significativo houvera sido feito. Talvez o contato com o produtor fonográfico, André Midani, no Rio (mas aí fica a ressalva que tudo foi arquitetado e bancado pelo Miguel, e eles só agiram como funcionários com missões a cumprir), e o contato com o jornalista, Luiz Carlos Mansur na redação do Jornal do Brasil, tenham sido as suas melhores ações em nosso favor.
Dessa forma, o fato de que esfriariam os seus esforços em nosso benefício, a privilegiar os interesses de Agildo, não mudaria muito a nossa vida, ao pensar nesses termos.
Por outro lado, todas as conversas preliminares, a dar conta de que ele teriam muitos contatos na mídia, e que provocariam o nosso "estouro" sem fazer muito esforço, denotara nesse instante, uma bravata, somente.
Para reforçar tal pensamento, as inúmeras entrevistas, oportunidades no rádio e TV, shows com público recorde em teatros pela cidade de São Paulo, além de festivais, incluso fora do estado, foram os nossos frutos que colocávamos gratuitamente sob o seu colo.
Para piorar, a taxa absurda que ganhavam nesse contrato, não justificava tão poucas oportunidades oferecidas, e pelo contrário, moralmente estavam em débito, pois com esse montante que significava o dobro da praxe de mercado, deveriam mais é nos trazer o dobro, quiçá mais ainda, do que nós tínhamos por conta própria, e com muito maior repercussão midiática. Entretanto, na prática, estávamos em novembro, e nenhum show sequer houvera sido vendido por eles, tampouco produzido...
Portanto, não seria por ciúmes do famoso comediante contratado, mas por outros motivos muito mais plausíveis que nós começamos a nos aborrecer com as bravatas, que contrastava com a inércia do casal, principalmente, embora na prática, o empresário que fecharia shows, seria o Miguel nessa equação.
Começamos a cobrar-lhes, portanto, nesse sentido e aí, as desculpas clássicas começaram a aparecer, tais como: -"é melhor esperarmos a definição em relação à gravadora", ou -"o final do ano se aproxima, e agora é um período péssimo para vender shows"...
Independente dessas desculpas, começamos a pressioná-los para mostrar mais serviço e fruto dessa pressão, uma sinalização apareceu enfim, para o final de dezembro. Antes disso, porém, mais uma entrevista para um jornal, surgiu, e mais uma vez por um contato nosso e não da parte deles...
Continua...
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